A POEIRA DE UTAH E SUAS MEMÓRIAS - conto d'um Velho Oeste rejuvenescendo (dedicado à poetisa Luna Mia e amigos recantistas)

 

Ah! O olhar observador de Mia Lorraine, a louríssima nova moradora de Utah. Chegou um dia pela ferrovia, com uma maleta e dois chapéus...sim dois chapéus, um sobre a imperiosa cabeça e outro na mão. Saltou em Utah, como saltaria em qualquer outra parada do trem, desejava apenas ficar o mais longe possível do seu passado, passado cheio de explosivas balas poéticas, que encontraram abrigo acolhedor em  cabeças, corações e também em algumas outras partes corporais.

 

Punha fé que encontraria paz naquela cidade poeirenta, que crescia e prosperava, ali sua fama de pistoleira e justiceira, por certo ainda não haveria chegado. Logo na estação, pediu orientação para comprar uma carroça com cavalo e, donde alugar ou comprar uma casinha, não muito afastada do Centro. Fazendo uso das informações que recebeu, dirigiu-se ao banco, para providenciar a abertura de uma conta, fazer um depósito, bem como pedir a migração de seus recursos de outro banco para Utah. Conseguira amealhar uma boa quantia, seu sustento estava garantido.

 

Era uma boa enfermeira, poderia ser de grande ajuda ao Dr. Silvanio Noir, um francês poético, que atravessara por muitas fronteiras escapando de tiros de sonetos explosivos, chegando à Utah onde instalou seu consultório, era um bom médico. 

 

Mia Lorraine, recebeu do banqueiro Góis Lexter, a dica de uma pequena e acolhedora casinha, bem perto do Sallon Red Blue, um dos três pertencentes à família da lendária Ioiô Belle Carson ou outro sobrenome, porque depois de tantos casamentos e vestidos negros de luto, só Jesus saberia o último sobrenome que lhe foi atribuído.

 

A casinha era adorável, pertencera ao casal Antonio e Lucy Kent, que resolveram mudar para o Arizona, talvez meio às pressas, pois a casa estava toda mobiliada, o preço foi maravilhoso, o que não condizia com a casa prontinha para morar e vinha até com um gato rsss...,mas, no Velho Oeste ainda que se renovando no início do ano 2001, a poeira de Utah guardava mais este segredo. Mia Lorraine, também tinha os seus, então, só agradecia a dádiva divina.

 

Assim que se acomodou, foi até o comércio local com a sua carroça, para abastecer sua casa e alguma comida pro seu novo amigo gato, que acabou por chamar de Brad, encomendar uns vestidos, pois só tinha calças e um único vestido pra missa. Queria mudar completamente de vida, mas, por via das dúvidas, comprou no comércio de José Martins, uma caixa de balas explosivas de haikais e poemas sensuais, afinal prevenção nunca é demais...ela era um moça tão frágil e desamparada rsss...rsss..a louríssina Mia Lorraine riu internamente, por ter consciência do quão longe estava da sua lenda, o fugaz pensamento. A poeira permanente de Utah, guardaria mais este segredo.

 

O seu olhar observador, aos poucos iria se situar. Agora era dar sua cara para o novo lar, comer, descansar e ir ao consultório oferecer os seus préstimos ao Dr. Silvanio Noir, aceitaria qualquer valor que ele pudesse lhe pagar, não precisava de dinheiro, só uma ocupação para as suas mãos, pois por muito tempo, elas só exercitaram os dedos nos gatilhos de suas pistolas, página virada, vida nova, embora, pelos caminhos, tenha ouvido falar dos concorridos duelos poéticos, que aconteciam de tempos em tempos por lá...bem interessante aquela informação.

 

Mia Mia Mia Mia Lorraine foco...apagar passado...vida nova...foi o seu pensamento, mas, o bichinho da curiosidade, provocou indiscretamente,  uma suave coceirinha em seus dedos indicadores...rsss... Ah! A poeira de Utah, ainda teria muitas memórias para guardar.

 

 

 

 

 

*Tenho muitos contos de aventura, com a mesma temática, que para melhor compreensão dos personagens, informo que o primeiro, foi Ioiô Belle Carson - A Viúva Negra do Velho Oeste, mas, os contos são independentes. Sua visita e comentário, sempre serão bem recebidos.

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 17/04/2023
Reeditado em 18/04/2023
Código do texto: T7765924
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