CHRISTINE GASP CONHECENDO UTAH

O trem chegou com quase uma hora de atraso na cidade, naquele vilarejo de Utah, com ruas empoeiradas e um semblante digno de um velho oeste. Dele desceu uma jovem senhora com seus mais ou menos cincoenta anos, mas se dissesse que tinha menos todos acreditariam. Seu olhar era firme, digno de uma dama. Vestia uma calça jeans, diferente das outras mulheres que ali residiam ou passavam temporadas em busca de aventuras e, com certeza, dinheiro fácil. Eram mulheres acostumadas aos trajes femininos atuais, longos vestidos, belos e deslumbrantes, gostavam de impressionar. Mas essa visitante não se importou com esse costume, sentia-se melhor dentro de uma calça "Lee" e isso lhe bastava. Christine Gasp chegava com muita garra para se instalar, talvez não definitivamente, nesse lugarzinho aconchegante, pelo menos para ela que já ouvira falar desse lugar tão falado, o que lhe rendeu o desejo de conhecê-lo. Outras pessoas desceram do trem e cada uma seguiu seu rumo, a maioria conhecia o lugar, porém Christine Gasp ficou ali parada na estação até o trem "Maria Fumaça" apitar e seguir seu destino rumo a outra cidade dessa região do velho oeste. Duas malas era a sua bagagem, bateu na roupa e viu a poeira subir, tirou os óculos de grau e revestidos com uma tonalidade escura e limpou-o com um lenço que tirou da bolsa que portava. Dela tirou também um Colt 45 e colocou-o na cintura escondendo-o com a jaqueta que usava per cima da blusa. Passou um bom tempo ali observando as redondezas, alguns cowboys passavam e a observavam notando que aquele "material" não era dali, mas ela não se intimidava, estava pronta para qualquer reação de algum marmanjo e mandá-lo ficar na dele. Era destemida.

   Já era quase quatro da tarde quando a senhora Christine Gasp resolveu procurar um hotel de respeito para ficar, não era mulher de se instalar em qualquer hotelzinho vulgar onde mulheres dançam e se mostram para forasteiros interessados em noites de orgias. Enfim encontrou, mesmo ficando um pouco afastado dos "saloons" que infestavam aquela extensa rua empoeirada, onde soubera que já foi um lugar violento mas que com o tempo tornou-se um lugar calmo e acolhedor. Depois de um banho relaxante para compensar as doze horas dentro de um trem, esperou a hora do jantar, já estava quase anoitecendo, da janela que ficava no primeiro andar admirou o por do sol e os marmanjos que passavam admirando o seu belo rosto e sua coragem de viajar sozinha, a essas alturas já era mais conhecida do que batata. Nem ligou prá isso, queria só conhecer o lugar, poderia passar uns dois ou três dias e pronto, voltar para o Novo México, sua terra, como poderia também se demorar mais tempo, ia depender das circunstâncias. Desceu para o jantar e em seguida percorreu a extensa rua empoeirada, queria fazer a digestão caminhando pelas ruas pouco iluminadas e quase desertas de Utah, apenas a lua cheia oferecia o seu clarão prateado. Vez ou outra apalpava a sua arma guardada na cintura e estava sempre atenta para qualquer eventualidade. Já perto das dez foi dormir.

 

No dia seguinte, quando andava pela cidade, foi abordada pelo xerife Mo Rodriguez que a interpelou sobre a sua visita naquela cidade. Era certo que os tempos difíceis e violentos em Utah já era coisa do passado, mas mesmo assim ele estranhou uma mulher bonita e sozinha perambulando naquele velho oeste sem a comoanhia, pelo menos, de um homem que a defendesse em alguma situação inesperada. Christine sorriu, o que fez o xerife Moa ficar encabulado, mas enfim conversaram e se tornaram amigos. Ele garantiu uma escollta para a dama forasteira, porém ela gentilmente recusou, mas ela aceitou um convite para o almoço que seria no hotel onde estava instalada. Esse almoço selou uma grande amizade entre Christine Gasp e o xerife Moa Rodriguez.

 

A bela visitante se deu por satisfeita e decidiu voltar para o Novo México, sua cidade de origem. Achou a cidade interessante e acolhedora, do jeito que lhe informaram e a violência era praticamente zero, pois o xerife Moa cuidava para que assim permanecesse. O próprio xerife a deixou na estação, o mesmo trem a levou de volta para sua cidade.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 18/04/2023
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