COLETÂNEA DE MICROCONTOS (aventura) alguns amigos recantistas vão se achar por aqui

 

 

I - NOVOS VENTOS

 

Moacir pegou mapa, apetrechos para estrada, mantimentos e cão fiel. O furgão com o trailer pronto pro mundo, acertou todas as contas, fechou a casa, deixando a Dona Nana cuidando de arejá-la de quando em vez. Se aparecesse alguma conta não esperada, ela ligaria para que resolvesse. Cheio de emoção no peito, adrenalina nas veias, celular por satélite e cartão internacional no bolso, tudo pronto, Moacir achava que até o cão, estava animado com a nova aventura. Partiu numa segunda-feira de manhã, rumo ao horizonte, sem plano ou rumo certo, seguia o cheiro do mar, a claridade do Sol, o farfalhar das folhas das palmeiras, iria parando praia ali praia acolá, conhecendo gentes, comendo novidades, sentindo a cultura como o ar à flor da pele. O seu nome seria FUI de agora em diante e, iria chamar o cão de TEMPO e iria aproveitá-lo ao máximo.

 

 

II - AVENTURAR

 

Facuri e Patrícia viviam suas vidas ciganas, como nômades ou beduínos. Cercados de véus, almíscares, almofadas e vinhos tintos do mundo. Fossem em taças, copos ou canecas, às vezes em chávenas e numa taberna muito louca no Marrocos, curtiram até banho numa banheira cheia de vinho e especiarias. As suas mentes guardavam ardentes segredos daquele dia. Quando resolveram desbravar o mundo, abandonaram saudades, luxos e perecidades, levaram apenas os seus corpos, o amor e todos os versos de poesia, enfim, seguiram repletos de vida. Que venham os instantes e se distanciem as horas, fiquem os minutos, para se viver os segundos, passou a ser o lema de vida deles.

 

 

III - ESPIRRO DE MULA

 

Barrett e Aila se casaram no México, porquê eles nem sabiam explicar, foi tipo 'deu vontade' e assim aconteceu. O que não esperavam é que bem no meio da sua viagem pelas Américas, um bando de traficantes aparecesse, para tirar a paz do lugar. Foi um tal de se esconder onde fosse possível e pasmem...acabaram num bordel mequetrefe mal cheiroso ou melhor dizendo...cheiroso por demais, daqueles odores doces em excesso, marcantes demais e Barrett tinha rinite alérgica...foi um caos de espirros...como se esconder espirrando daquele jeito? Deram de cara com umas mulas, na parte de trás do estabelecimento e Aila teve uma 'brilhante' ideia, fazer as mulas espirrarem. Pegou na cozinha do bordel, com ajuda da Madame do local, bastante pimenta do reino em pó. Sopraram um montão nas narinas dos animais e foi um furdûncio só. Foi espirro, relincho, coice e os traficantes não conseguiam dar conta da bagunça. Barrett e Aila, deram asas às pernas e fugiram para o lado oposto do bordel, pegando uma carona pro aeroporto e Adios México!  Tudo bem...terão uma aventura daquelas para contar para os amigos e descendentes, uma loucura, digna de um conto.

 

 

IV - 'SEREIO'

 

Mia e Verdana eram lindas, por onde passavam chamavam a atenção. Num passeio no início da noite pela beira mar no Leblon, logo depois de saírem de uma boate, ouviram uns fiu fius ao longe e eles se repetiam com a passagem delas, sons bem insistentes. Resolveram olhar na direção do som e um Deus lindo, saiu da água, sacudindo os cabelos negros e longos molhados. Confessaram para si próprias...que belo pedaço de pecado assoviava para elas. Ele as chamava com as mãos, como que convidando para um mergulho, mas, elas seguiram a caminhada não dando atenção àquele belo espécie masculino. Os fiu fius continuaram, só que desta vez vinham de dentro do mar, sendo lançados no ar por um 'sereio', sim um 'sereio'  porque o 'pecado masculino', agora tinha metade do corpo como rabo de peixe. As moças correram e os passantes do calçadão, dizem que elas ainda não pararam de correr. Pelo sim pelo não, se você no Rio de Janeiro avistar uma linda loura e outra moça linda de cabelo castanho, correndo juntas e de dia, mas, com roupas de balada, podem ser elas.

 

 

V - CERTO OU ERRADO

 

Jadel, Juli e Chico eram um trisal, mas, não sexualmente, eram escritores que se completavam em suas composições. Tudo o que criavam era a três, mesmo sendo tão diferentes em suas personalidades, suas inspirações se trigeminavam, palavra nova com certeza, mas, define bem o que a narradora quer dizer. Uma única vez se desalinharam e o poema saiu dos eixos, às rimas ficaram desconjuntadas, o tema não ficou preciso, a cadência estava desafinada e as palavras se perdiam no sentido. Inacreditavelmente a publicação no blog fez sucesso, teve inúmeras curtidas, pois alcançou uma gama de leitores loucos, que por hábito, não curtiam a página deles. Pode não ser o tipo de aventura esperada, mas, às vezes é bom se desafiar, deixar o atrapalhado tirar o certinho do eixo, existe gente de todo jeito por aí.

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 12/05/2023
Reeditado em 16/05/2023
Código do texto: T7786527
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