Míriam

Ela fechou os olhos com força, e sentiu seu corpo desparecer, a começar pelos pés. De repente, ela estava em outro lugar, diferente do quintal da sua casa. Sim. Ela havia se teletransportado para outro lugar.

"Eu não quero isso para mim... Como é possível?"

Ela se perguntava, pois só havia conhecido um fenômeno parecido, chamado bilocação, e apenas os santos as conseguiram realizar.

"Eu não sou santa! Eu luto pela santidade, mas não tenho essa capacidade!

Este poder... Ele não pode vir de mim. Não pode..."

. . .

Outro segredo: Ela era extremamente inteligente, tudo o que lia, guardava no interior de sua mente. Além disso, conseguia levitar as coisas. Qualquer coisa. Era só pensar.

Ela era católica, e atribuía tudo a um plano divino. Não queria ser orgulhosa, e nem bastar a si mesma. Mas os poderes só cresciam. A mãe já sabia, e por sorte ou providência, só moravam as duas na casa. Um dia entrou no quarto da filha, e ela estava levitando a cômoda, com o olhar fixo no móvel. Mesmo estando surpresa com a entrada da mãe, a menina, olhando agora para ela, lentamente colocou a cômoda no lugar:

- Mãe, eu preciso de ajuda...

Um Padre a estava ajudando. Nunca tinha visto nada parecido, pensou ser uma espécie de poltergeist, ou até mesmo o início de uma possessão. Mas nada respondia aqueles fenômenos.

Ela rezava. Sempre. Pediu à Deus alguma luz, perguntava a Nossa Senhora o que aquilo poderia ser. Mas nem ela, em suas orações, conseguia entender ou obtinha alguma resposta. Então, ela apenas confiava, cegamente.

Estava, assistindo à um filme, quando o Padre chegou à sua casa:

- Míriam, acho que encontrei alguém que pode fazer as mesmas coisas que você faz.

O garoto morava em outro estado do país, e diferente dela, não estava conseguindo esconder os seus fenômenos.

- Eu preciso conhecê-lo. Preciso saber se ele sabe de alguma coisa Padre.

- Ele é só uma criança, a família está quase se mudando para outro lugar porquê têm medo do que podem fazer à ele. Além disso, como você vai até lá sem dinheiro?

- ... Eu consigo.

. . .

A mãe chorava, mas entendia que aquilo era preciso. Deu um beijo na testa de sua filha:

- A sua bênção mãe.

- Deus te abençoe minha querida.

Abraçou-a forte, rezando para que logo voltasse para casa.

O Padre a abençoou, fazendo o sinal da cruz em sua testa, e quando ela pegou a mochila, colocou-a nas costas, e foi para o meio do seu quintal, nos fundos da sua casa, ele a abençoou mais uma vez, fazendo o sinal da cruz no ar.

Olhou pela última vez os dois. Segurava a foto do menino e da sua família na mão direita. Fechou os olhos com força, e as lágrimas caíram.

Quando abriu os olhos, estava muito longe de casa.

Brenda RL
Enviado por Brenda RL em 22/01/2018
Reeditado em 23/01/2018
Código do texto: T6233141
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