Geneticamente modificado

- Sim, eu soube da história. Trata-se de uma adaptação do programa que gerou o "Super Rato" da Case Western Reserve University, em meados dos anos 2000... - declarou o professor Frederickson, quando lhe telefonei para obter embasamento científico para a matéria que estava escrevendo para o meu jornal.

- Pelo que verifiquei, eles criaram um rato de laboratório que podia correr por horas sem se cansar... o sonho de todo atleta de maratona - ponderei.

- Não só de maratona... de qualquer esporte que exija esforço físico intenso - arguiu Frederickson. - Ou mesmo para atletas de fim de semana. O tal "Super Rato", além de queimar calorias de modo mais eficiente, produz um mínimo de ácido lático - ou seja, com reduzida ocorrência de dores musculares.

- Se era tão bom, porque o programa não foi adiante? - Indaguei.

- Oh... havia um efeito colateral sério, e não estou me referindo ao aumento na atividade sexual dos ratos... - gracejou o professor.

- Algo relacionado ao possível uso dessa tecnologia em dopings?

- Não exatamente, embora possamos imaginar que atletas que não se cansam... ao menos se comparados com outros que não sofreram intervenção genética... seria um problema sério para qualquer esporte. O problema é de outra natureza: os ratos modificados eram muito mais agressivos do que os espécimes comuns. E por queimarem mais calorias, comiam proporcionalmente muito mais.

- Ratos agressivos? - Inquiri.

- Muito agressivos - esclareceu os professor. - Agora, imagine essa tecnologia sendo empregada em, digamos... soldados? Incansáveis e com sede de sangue?

- Parece a receita perfeita para um desastre - avaliei.

- Principalmente quando não somos nós, mas nossos inimigos, que planejam utilizá-la - concluiu ele.

- [24-08-2018]