ERA SÓ UMA BRUXA

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Tanta gente fantasiada, abóboras para todo lado, sangue falso, dentes plásticos de Vampiro, muita bebedeira, eu (Henrique) já nem sabia se o que estava bebendo era conhaque, whisky, vinho ou tudo isso misturado, só sabia que estava bebendo alguma coisa quente que me deixava desequilibrado, mas, era boooom demais, saia esbarrando na mulherada, roubando beijos, escorregando uma 'mão bôba' de vez em quando, nenhuma reclamava, eu era só mais um bêbado bôbo e feliz na multidão. Então eu vi a bruxa, olhos verdes claros num rosto de sorriso deslumbrante, ela praticamente me abordou, me bolinou, ui! Arrepiei...acho que até diminuiu um pouco o 'porre'.

O assédio continuou, rindo por dentro me senti, quase que invadido, que loucura era aquela, não sou feio, até acho que 'dou pro gasto', sou alto, forte, o sorriso  tem um certo carisma, mas, as mãos daquela bruxinha estavam beeem abusadinhas, meu instinto me alertava que havia perigo à vista.

Dinheiro eu não tinha ali, a noite regada à álcool já tinha levado quase tudo, porquê logo eu? Tantos monstros louros atléticos, múmias morenas de bocas carnudas, euzinho estava longe de ser um Deus grego, talvez a bruxa estivesse 'chapada' tendo alucinações. Perguntei o nome dela e sem deixar de me agarrar, lamber e bolinar ela disse...Nora e me deu um olhar felino que ardeu meu cérebro, me senti ameaçado como se ela fosse a loba e eu a presa, pronta para ser devorada, corri que nem louco, trocando as pernas, nem vi o ônibus que se aproximava, só meu corpo sofreu o baque, o mundo apagou a luz de repente.

Não sei precisar o tempo que fiquei desacordado, perdi a noção do tempo. Ao abrir os olhos, vi o olhar da minha mãe aflito e preocupado, como a trouxeram do Brasil? Nova York não era logo ali...muitas perguntas, horas e minutos se embaralhando na mente, tento me mexer não consigo, estou algemado à cama do hospital, olho para o lado e o rosto de meu velho pai está consternado, engraçado é que não parecia tristeza e sim decepção. O que teria acontecido?  Estava tudo muito confuso e o desespero da dúvida me fez desmaiar.

A mulher abusadora, estava morta estrangulada ao lado de um carro num estacionamento próximo, minhas digitais estavam em várias partes do corpo dela, muitas testemunhas nos viram juntos, eu estava numa enrascada, não lembrava de absolutamente nada.

Meus pais partiram dois dias depois, pensando com calma nem mesmo  perguntei como eles sem recursos, tinham conseguido chegar ali, nem como voltariam, nem estou me reconhecendo, meio vazio, sem sentimentos. Será que eu matei aquela mulher, não sei o que vai acontecer comigo, só tenho uma certeza agora, ela era realmente uma bruxa.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 26/11/2018
Reeditado em 30/11/2018
Código do texto: T6512570
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