Mistério no barco

O silencio daquela madrugada álgida ampliava veementemente o som das ondas, que parecia deixar o mar enfurecido, a lua cor de sangue refletia sobre a superfície da agua, dando um tom mais sombrio na minha percepção, aquela agua parecia tão negra e tão sobrenatural que em minha mente passou a ideia que aquela superfície era uma camada espelhada cujo abaixo dela existia seres que jamais queria encontrar naquelas profundezas, não falo de peixes, mas de coisas que se contassem integralmente me chamariam de louco.

Certa vez fui pescar sozinho pela noite e algo bateu no casco do meu barco, mas o barulho foi diferente do que estava acostumado a ouvir, pode me chamar de louco, mas era um barulho inteligente, e logo minha curiosidade despertou e falei para as aguas:

- vamos fazer a seguinte você bate no casco e vou trocar suas batidas pela letra do alfabeto - assim que fechei minha boca vieram suscetivelmente três batidas e pararam, logo pensei “três batidas... a,b,c..” e falei: - certo letra “c”- depois apenas uma batida, letra “a”, mais quatro batidas letra “d” e por ultimo cinco batidas formando a letra “e”, logo juntei c+a+d+e e juntas deram “cade” – Cade o que? – juro que perguntei sem querer saber a resposta estava sozinho em um barco em plena noite, e quando virei as costas vi um velho de barba branca com capuz cinza em meu barco, sabia que não havia nenhuma forma daquele velho estar no barco se fosse humano. Logo falei – certo eu estou com muito medo de falar de com você – mas retrucou o velho – não perecia com medo quando pediu para eu bater no casco – mas esse velho assombrado tinha que entender que era diferente, uma coisa e você querer analisar os fatos pra ver se acha uma lógica em sua mente, outra coisa e um espírito aparecer e desestruturar tudo o que eu acreditei a vida toda.

Fechei os olhos pensei comigo mesmo “quando eu abrir os olhos ele vai desaparecer porque é fruto da minha imaginação”, porém ele me respondeu – pode deixar que eu vou embora, eu não sou fruto de sua imaginação, mas se possível antes de ir quero apenas um pedaço de pão, estou faminto.- então logo pensei: “ele leu minha mente a ainda que comer pão, pois se realmente ele comer pão ele não espírito e sim uma pessoa que deve ter se escondido em meu barco” então falei: - claro espere um minuto- e trouxe um pão caseiro para ele, e para minha surpresa ele começou a comer, então eu disse – você me assustou quando batia no barco, pensei que estava batendo embaixo do casco dentro da agua – e comecei a rir, o velho também sorriu e falou mas era isso que eu estava fazendo e sorrindo começou e se desintegrar na minha frente, fiquei desesperado e gritei – Quem é você – e ele respondeu com uma voz distante que se desfazia – Sou a morte, mas vou voltar- .

Depois de cinco anos vejo frente uma canoa com um senhor encapuzado vindo em direção à margem que me situava, ele usavas vestes cinza desbotadas e sua barba branca era cerrada, agora não me surpreendi como da primeira vez que fiquei frente à morte, na verdade estava feliz de ver a morte, pois tinha um mistério que ficou aberto no nosso primeiro encontro: o que estava procurando?