O MISTÉRIO DO MOSTEIRO

   A lua clareava aquele impetuoso prédio muito assemelhado a um castelo, ao redor dele uma grande extensão de árvores frondozas, apenas sua frente ficava para uma longa estrada que se iniciava no centro da cidade, se percorrida a pé gastava-se cerca de vinte a trinta minutos. Naquelas terras inglesas viver num ambiente completamente sem comunicação com o mundo exterior era aceitável para uma boa parcela de seres humanos, pessoas que se dedicavam exclusivamente a meditação e ao encontro com as divindades do céu. Eram criaturas especiais, pensavam só no bem, apesar de nesse meio também existir aquele que não pensa somente nisso. Em todo lugar sempre tem aquele que procura viver ao seu modo, estando errado ou não. Me refiro ao Mosteiro de San Gabriel, onde ultimamente tem ocorrido coisas estranhas.

   Uma carruagem era vista vez ou outra adentrar o mosteiro para levar mantimentos para os monges e freiras que ali viviam, o controle era rígido e ninguém de fora tinha permissão para alí permanecer por muito tempo, nesse caso o responsável pelo recebimento dos gêneros alimentícios e outros produtos úteis era Frei Marcos, que despachava o cocheiro assim que as mercadorias eram entregues e conferidas.

   Certa noite um alvoroço despertou a atenção de Frei Marcos, que foi chamado às pressas para se inteirar do ocorrido. Monges e freiras se enreolhavam, ninguém entendia nada, apenas viram um vulto correr pelo pátio e nada mais foi detectado. Nada foi apurado e o caso foi encerrado.

   Numa tarde da semana seguinte uma freira pediu para falar com Frei Marcos. Como ele estava bastante ocupado ela não foi atendida, saindo em seguida da recepção do mosteiro. No corredor foi abordada por um monge, o qual ela não conhecia. Conversaram algo e ela foi até o pátio, seu caminho normal até chegar aos seus aposentos. No dia seguinte ela foi encontrada morta.

   A carruagem adentrou o mosteiro para deixar mantimentos, o cocheiro, como de praxe, entregou as notas a Frei Marcos para a devida conferência.  Alguém alí próximo observava a cena comum, aparentemente era um monge, não se via seu rosto, quase coberto pelo capuz. Ao primeiro descuido de Frei Marcos ele se introduziu na carruagem que deixou o mosteiro tranquilamente.

   A noite foi de muitos comentários no interior do mosteiro, a morte da freira foi o fato mais discutido, sendo a causa da morte aparentemente mal súbito. Um parente próximo da freira falecida foi até o mosteiro para ter com Frei Marcos, confidenciando a ele que a mesma havia lhe comunicado através de um bilhete secreto que estava grávida e temia pela sua expulsão dalí, motivo de tê-lo procurado, certamente para comunicar o fato e esperar alguma providência.

A semana passou sem nenhum fato estranho, a carruagem chegou para a entrega de mantimentos, dela desceram duas figuras com vestes de monges sem que fossem vistas por Frei Marcos e dirigiram-se para um dos aposentos.

  

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 23/02/2019
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