O mistério da chuva que caiu

Junho de 1945, a chuva caiu incessantemente durante toda semana, há muito não se via chover tanto nessa época do ano. A noite a temperatura caia drasticamente forçando todos a se recolherem dentro de casa. Em um beco escuro, escondia dentro de uma tenda improvisada um grupo de quatro pessoas abandonadas pela sorte e entregues ao destino.

A cidade estava deserta, o frio era congelante, nem os cães ousavam circular pelas ruas em busca de restos de alimentos.

De repente no meio da noite um estalo profundo cruza a avenida principal da cidade de ponta a ponta. Alguns curiosos se debruçaram nas janelas, outros por impulso saem pelas ruas assustados. Não se ouve mais nada após isso, apenas o silêncio habitual.

Segunda feira, 4 de junho, o consultório do único médico da cidade amanheceu com cheio de esperas, muitas crianças sucumbiam adoentadas, afetadas pelo frio constante que tomou conta da cidade, algumas pessoas comentavam o ocorrido do dia anterior. Alguns religiosos diziam que era um aviso dos céus, outros diziam que uma meteoro havia caído nas redondezas da cidade, outros apenas ignoravam, diziam de que era apenas coisa da imaginação das pessoas.

A espera nesse dia estava além do normal, o doutor sempre chegava antes de seus pacientes, mas nesse dia ele já estava muito além do de costume. As pessoas já estavam impacientes, as crianças doentes não paravam de chorar, as mães preocupadas tentavam consolá-las. Mais gente se aglomeravam na porta do pequeno consultório. O tempo passou e o médico não apareceu, as pessoas não sabiam o que fazer, naquele momento um dos pais de uma criança decidiu foi até a residência do médico procurando respostas, mas não nada encontrou, não havia vestígios do médico.

Enfim depois de muita espera as pessoas voltaram para suas casas desconsoladas e com seus filhos doentes. Não havia outro especialista na cidade, apenas algumas velhas curandeiras espalhadas pela periferia.

Passaram-se uma semana e o doutor não apareceu, em sua casa seu carro, um Ford 1941 ainda estava na garagem, pela vidraça da casa onde ele morava, notava-se que não havia ninguém, a casa estava vazia. O mistério tomou conta da cidade, na estação rodoviária não havia notificação alguma sobre alguém ter saído de viagem.

A notícia sobre seu desaparecimento correu por várias regiões, autoridades de outros estados vieram tentar decifrar o caso, mas nada conseguiram, não encontraram vestígios do médico.

O tempo passou, já se faziam quase 4 anos desde que o estimado doutor havia desaparecido, tanto é que já havia u tempo que ele já tinha um substituto.

Sábado, 28 de julho de 1948, as pessoas aos poucos voltaram às suas rotinas habituais, dia de enfeitar a igreja pois domingo era de missa na cidade, atividade celebrada pela grande maioria das pessoas. O tempo ficou nublado nesse dia com grande probabilidade de chuva a noite, e como estava previsto, a madrugada foi de tempestade, raios cruzavam os céus numa contundência tremenda, um estrondo se fez junto com a força da claridade de um raio. Algumas pessoas assustadas diziam ter ouvido tiros, outras comentavam que eram os estalos causados pelo encontro das nuvens. E assim se foi por horas a fio.

Enfim a chuva passou e o dia amanheceu radiante, os devotos já se aglomeravam na porta da igreja, pessoas e mais pessoas chegavam para celebrar a missa.

Parece que nesse dia toda cidade queria rezar.

Passaram-se quatro horas... o padre não apareceu.

Carlos Amilton Oliveira
Enviado por Carlos Amilton Oliveira em 02/04/2020
Reeditado em 06/04/2020
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