O crime perfeito

— Murilo, preste atenção! Ela está saindo agora. – dizia o sujeito, escondido sobre um raibam e um boné preto, apoiado a um poste, quase a quinhentos metros do informante. — Ela está vindo a minha direção. Fique esperto!

Com a aproximidade da pessoa descrita, a conversa foi interrompida. O sujeito partiu ao disfarce, insinuou teclar no aparelho, enquanto por despercebido a vítima passou por ele. Eles não se olharam. O tal sujeito insinuou ser apenas uma das partículas de um munícipe trafegando pelas ruas de São José dos Campos.

O cruzamento sigiloso entre eles aconteceu. O tal sujeito prosseguia a teclar passando os dados da vítima a pessoa do outro lado da linha: trajes, penteado e outras características físicas.

Já distante um do outro, o tal sujeito desconectou do aparelho e em passos discretos seguiu a vítima de longe.

Um gesto era feito entre o falante e o suspeito, onde a partir daquele encontro, era o outro sujeito que seguiria a vítima, enquanto o primeiro, pausava numa lanchonete.

O trabalho do outro comparsa prosseguiu. O comparsa aproximou da vítima carinhosamente. Apresentou-se por Percival, alegando ser o tal rapaz da sala de bate-papo. A vítima apresentou-se como Sarah. Ambos conversaram e após o longo bate-papo pararam numa pousada ali mesmo do centro.

Trocaram palavras e bom bate-papo. O cara sabia o ponto fraco da vítima. A mesma bobeou se abrindo pela internet todo o desejo e loucura pela procura do príncipe encanto.

Vacilou, o coração ou alma não saímos por aí se abrindo a desconhecidos da qual fantasiamos ser o príncipe ou a deusa de nossos sonhos. O príncipe daquele momento tornou a inversão dos contos de fada.

A garota da casa dos trintas, encantou com a fábula pregada por ela mesma. Não se importou com o perigo.

Dos longos papos daquela noite, caiu nas bebidas e num quarto tão pechinchado do centro. Quando acordou, já era tarde...

Sua carteira e documento não estavam mais juntos de si. Assustada se cobriu e tratou de sair dali o mais rápido possível. Era tarde, na saída foi esbarrada. O tal sujeito da noite, foi morto numa das travessas tão próximas da parada onde eles estavam. Seu documento e pertence foram entregues, mas por um guarnição.

A vítima voltou brutalmente ao mundo real. Convidada à delegacia mais próxima dali, teve que se explicar, em delação premiação, pediu em troca que o esposo não fosse avisado de nada e nem o seu nome à mídia.

A vítima jurou que o esposo não sabia e nem desconfiava de nada. Se ele soubesse, sua vida tonaria um inferno. Mas quem matou o malandro? Nem o aparelho que há poucas horas ambos teria conversado foi confiscado. Por que o falecido a roubaria poucas horas antes de morrer?

O esposo não soube de nada. Nem suspeita se levantou, por mais que o crime de um modo oculto saiu em manchetes. A tragédia ficou no suspense. Segundo as más línguas, na noite anterior do crime, o esposo estava na redondeza do crime. E estava mesmo, foi ele que me passou todas as informações. Algumas até passei adiante, outras, guardei-as em sete chaves.