O Enterro do Vovô
Diante do caixão,onde estava inerte o corpo do vovô,Julinho enxugou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto angelical,lançou um último olhar para a face desbotada do avô,e lançou uma fria frase para a sua mãe,perguntou:
-Mãe,por que as pessoas morrem?
A sua mãe o pegou no colo,e forçou com a sua mão direita,de modo que a sua cabecinha encostasse em si, e ficasse de costas para o triste espetáculo,o caixão.
-É o ciclo da vida.A vida tem começo,meio e fim.A gente nasce,cresce,vive e ..e... um dia morre.
Diante do silêncio do menino e do seu olhar de espanto,confuso,disse-lhe:
-Ele está bem,vai para o Céu.era uma boa pessoa.
-Eu sei,mãe,mas a morte é coisa tão triste agente chora,todo mundo chora.O enterro é coisa tão triste..
-É,mas tudo passa.
Disse assim,dando tapinhas,de leve na sua cabecinha e se esforçando em manter a sua visão ao contrário da posição do caixão-que era de madeira de lei e tinha uma boa envergadura no seu feitio arquitetônico,de cor dourada fosca,lembrando o jacarandá.Uma coroa de flores brancas dava um toque a mais dependurada na porta aberta.Várias pessoas se aproximavam.A porta permanecia aberta.Ele era bem popular.
-Vou sentir a falta do vovô..
-Todos vamos sentir.
Respondeu-lhe a sua mãe,de voz embargada,com um par de lágrimas escorrendo pela face.
E,naquela tarde triste de domingo,sob um chuvisco fino, a sepultura recebia o caixão contendo a última vestimenta daquele que foi o seu avô.Julinho com apenas 8 anos de idade subia para a vida.Liberto dos braços da mãe corria pelas sepulturas brincando de corre- e- pega com a priminha Dadá,de 9 anos de idade.Sorriam.Os adultos choravam e permaneciam cálidos.