Fenômenos Sobrenaturais - A Casa Assombrada

Início dos anos 1960, numa cidade do interior. Alberto era um homem de trinta e poucos anos. Era um novo rico que fez sua vida por si mesmo. Com um tino invejável para os negócios, começou desde cedo amealhar sua fortuna.

Desde que era bem jovem tinha fascínio por uma linda casa da cidade. Sempre que passava perto dela, a cobiçava.

Já há algum tempo o proprietário falecera. E ele esperando e nada da família colocar a casa à venda. E ela estava ali sofrendo algum desgaste do tempo e do abandono. Pouco tempo depois, como não tinham condição de manter aquela casa tão grande e ela estava sofrendo avarias pelo abandono, ela foi colocada à venda.

Alberto foi lá e comprou a casa de seus sonhos. Logo começou a restaurar o que precisava. Pretendia se mudar pra lá com sua família

Mas pouco tempo depois seu casamento sofreu um revés. A convivência estava ficando insuportável e ele acabou se separando.

E ele foi morar sozinho naquela casa. O móveis, que foram deixados na casa, eram antigos e requintados. Ainda estavam em ótimo estado. Precisando apenas de alguns reparos.

Ele se instalou na casa e apesar do fim do seu casamento, estava feliz.

Na primeira noite, ele ouviu alguns barulhos estranhos. Mas como não era um homem medroso, supersticioso ou que acreditasse em fenômenos sobrenaturais e como estava muito cansado, acabou dormindo como uma pedra.

No dia seguinte durante a noite ele ouviu passos e vozes pela casa. Levantou e saiu do quarto com sua arma pra ver o que era. Mas não viu nada. Teve uma noite agitada e quase não dormiu.

No outro dia estava cansado. À noite estava sentado na sala lendo o jornal e de repente uma jarra caiu da mesa e se espatifou no chão. Ele ficou assustado.

No dia seguinte comentou o fato com a mãe e ela o aconselhou a chamar um padre pra benzer e exorcizar a casa. Assim ele fez. O padre chegou, passou pela casa benzendo e jogando água benta. Fez a oração de exorcismo.

Mas nada adiantou. A noite os mesmos barulhos, coisas caindo sozinhas, rangidos. Ele sentia cada vez mais suas energias sendo sugadas.

Aconselharam-no a chamar um pastor. O Pastor foi, fez orações. Fez um culto ali para limpar a casa dos demônios. Nada mudou. Cada vez mais, coisas estranhas aconteciam ali.

Um tempo depois esta situação estava interferindo até em sua empresa. As coisas começaram a dar errado lá e ele começou a ficar apavorado. Não queria abrir mão da casa que tanto sonhou em ter pra si. Era teimoso e turrão e se recusava a sair daquela casa. Dizia que o que quer que fosse que estivesse acontecendo não iria lhe vencer.

Dias depois alguns amigos o aconselharam chamar o pessoal do candomblé. Eles foram e fizeram uma sessão lá. Disseram que um espírito estava ali e que queria alguma coisa pra se afastar. Que teriam que fazer um “trabalho” para afastar aquele espírito. Pediram uma quantia alta para resolver o assunto. Ele, desesperado como estava, resolveu pagar o que lhe pediram.

Mas o tempo passou e aqueles fenômenos continuavam a infernizá-lo e sua vida estava um caos em todos os sentidos. Problemas na vida pessoal, em casa e na empresa.

Ele resolveu chamar um espírita. Ele foi lá falou um monte de coisas e disse que a casa estava com uma energia muito negativa, que alguma coisa precisava ser feita pois aquela energia negativa estava o contaminando. Fizeram uma sessão espírita e tudo continuou do mesmo jeito. Estava ficando doente e se sentia desequilibrado emocionalmente. Começava a pensar na hipótese de deixar a casa e isto o deixava ainda pior pois a última coisa que queria era deixar a casa que tanto lhe custou conseguir. A cada dia ele estava se sentindo mais sem forças, energia e adoentado. Não conseguia dormir com os barulhos, o som de passos, objetos caindo e vozes dentro da casa.

Seus negócios estavam decaindo e ele não entendia o porque pois sempre fora um excelente administrador. Tudo isto o deixava cada vez pior. Parecia que sua vida estava se transformando num caos completo.

Um dia, Alberto chegou em sua empresa exausto, abatido, parecia muito doente.

Seu grande amigo, Alex, esperava por ele. Já não se viam há algum tempos Ao vê-lo, se assustou:

-Alberto, o que aconteceu com você? Você está abatido, com olheiras, magro. Você está doente?

-Olha, Alex, eu já nem sei mais o que está acontecendo comigo. Às vezes penso que estou enlouquecendo.

-O que está acontecendo? Tudo isto é por causa da separação? Você ficou tão mal assim?

-Não. Não é nada disto. Você tem um tempinho pra me ouvir?

-Claro que sim.

Alberto fechou a porta do seu escritório:

-Alex, você sabe que eu comprei aquela casa dos meus sonhos, não é?

-Sim. Fiquei muito feliz por você realizar este sonho.

-Bem, mas o sonho virou pesadelo.

-Como assim?

-Desde que eu me mudei pra lá que uma série de coisas vêm acontecendo.

-Que coisas?

-Pra abreviar a história, eu ouço barulhos estranhos, ouço vozes, objetos caem sem nenhuma explicação, ouço passos dentro da casa durante a noite. E ultimamente, sempre que eu entro na casa eu me sinto sem energia, me sinto adoentado. Já consultei um médico, já fiz exames e não tenho nada. Mas estou assim como você está me vendo. Já chamei padre, pastor, o pessoal do candomblé, espírita e nada resolve. E você sabe que eu nem acredito em nada disto. Eu não sei mais o que fazer. Só de uma coisa eu sei, eu não quero abrir mão daquela casa.

-Mas vale a pena viver assim?

-Eu tenho que encontrar uma solução. Eu sempre sonhei com aquela casa.

-Bem, Alberto, você sabe que ao contrário de você eu tenho algumas crendices, tenho muita fé em benzições. Eu conheço um homem que entende muito destas coisas, ele é benzedor e vidente. Dizem que ele consegue enxergar o que ninguém consegue. Se ele não resolver o seu problema, o melhor é você sair dessa casa. Mas não sei, se pelo fato de você não ter fé, as orações dele vão resolver alguma coisa.

-Eu faço qualquer coisa. Onde eu encontro este homem?

-Eu posso ver se ele vai até lá e sente o clima da casa.

-Faça isto, por favor. Será que dá pra ser hoje? Eu nem consigo trabalhar. Até meus negócios estão indo mal.

-Vou desmarcar algumas coisas e vamos cuidar disto. Vamos até a casa dele.

Mais tarde o vidente chega. Ele caminha pela casa e parece não se sentir bem.

-Esta casa está com uma energia muito negativa.

Ele cruzou as braços sobre o peito como que para se proteger.

-Eu vou tentar fazer uma oração forte.

Ele se preparou para o que tinha que fazer.

Quando terminou estava parecendo sem energia, pálido.

Depois que se recuperou um pouco ele disse:

-Nesta casa tem um objeto que pertenceu ao antigo proprietário. É um objeto pelo qual ele tinha um grande e especial apego. Este objeto tem que ser encontrado e devolvido a ele.

-Isto é impossível. Ele já morreu há alguns anos.

-Eu sei. Mas este objeto tem que ser encontrado.

-E como vou devolver o que quer que seja a um morto?

-Quando for encontrado a gente vê como ele quer que seja devolvido.

-Ah! Tá. Ele vai baixar numa sessão espírita e falar comigo?

-Se você continuar zombando de mim eu vou embora. Eu sou uma pessoa séria.

-Desculpe. Eu estou muito cansado e desestruturado.

-E não acredita em nada, não é?

-Eu confio que você vai me ajudar. Mas além dos móveis que ficaram aqui, não tem nada dos antigos proprietários.

-Tem. Tem um objeto pequeno. Você vai ter que procurar.

Os três saem procurando pela casa e não encontram nada. O vidente pergunta:

-Tem algum cofre ou algum baú ou caixa por aqui?

Eles entram no antigo escritório e começam a procurar. Até que encontram atrás de uma estante um cofre que está aberto. Dentro dele um pequeno baú com vários objetos pessoais. Eles começam a tirar os objetos e encontram um crucifixo aparentemente de ouro e todo cravejado de pedras que parecem ser rubis. O homem diz:

-O objeto é este. Agora eu entendo. O rubi traz força e luz ao seu portador, afasta também energias negativas e bloqueia ataques de maus espíritos. Ele precisa desta força e luz pra seguir seu caminho.

-E o que eu faço com ele?

-Leve e devolva pra ele?

-Como? Crucifixos não podem ser enterrados. Eu não posso fazer isto e nem posso violar um túmulo. É crime. Mas posso tentar devolver para os filhos dele.

-Não. Tem que ser devolvido pra ele.

-E como eu vou fazer isto?

-Pegue este crucifixo e vá até o túmulo do seu proprietário, o antigo dono desta casa. Vá sozinho. Ao chegar lá você vai saber o que tem que fazer.

-Está bem. E o que eu faço com estes outros objetos?

-O que você quiser. Ele só quer o crucifixo. Enquanto você vai lá eu vou fazer uma benção de descarrego na casa. Quando você voltar ela vai estar limpa.

Ele saiu ainda incrédulo e pensando em como se metera nesta situação. Ele que nunca acreditou neste tipo de coisa, agora estava indo a um cemitério entregar a uma pessoa morta um crucifixo de ouro cravejado de rubis. Antes de se dirigir ao cemitério, teve uma intuição de comprar uma cola que pudesse colar aquele objeto. E sem se reconhecer, seguiu sua intuição

Chegando ao túmulo, intuitivamente ele soube onde colar o objeto pra que não fosse encontrado por ninguém.

Fez o que tinha que fazer e tentou fazer uma oração pelo morto.

Ao sair de lá já se sentia um pouco melhor. Sem saber porque sentia que aquele inferno iria acabar.

Chegando em casa o vidente já tinha realizado o que precisava ser feito. Ele sentiu o ar mais respirável.

-Quanto eu lhe devo?

-Um benzedor não cobra por seu trabalho e se cobra é um charlatão.

-Mas eu posso ajudar sua família?

-Se você quiser ajudar, pode ajudar. Mas meu trabalho não tem preço.

E assim ele fez, deu uma ajuda substancial à família daquele homem.

Nesta noite ele se sentiu bem em sua própria casa, dormiu sossegado sem nenhum fenômeno sobrenatural lhe assombrando.

Pouco a pouco sua vida e seus negócios foram voltando ao normal.

Ele se sentiu aliviado e feliz por poder desfrutar daquela linda casa sem nada pra perturbar. Por via das dúvidas ele pegou o baú com o restante dos objetos, inclusive algumas jóias e devolveu para os filhos do antigo proprietário.

Ele continuava não sentindo medo, mas não duvidava mais que coisas estranhas e sobrenaturais podem acontecer e que talvez espíritos existam e possam ter suas vontades e excentricidades.


(Baseado em fatos reais)

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 15/01/2022
Reeditado em 01/10/2023
Código do texto: T7430064
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