A Faca é a Assassina

O crime já havia ocorrido

E a polícia tinha chegado

As testemunhas foram reunidas

Receosas de um futuro inesperado

Os fatos do crime brutal

Muito estranhos eram pois então

Chamaram logo o maior detetive

Que chegou de casaco e chapéu a mão

- Sou muito ocupado

Esbravejou ao policial

- E um simples assassinato

Espero que possam sem mim dar final

- Senhor detetive

Está é a questão

Pois a história das testemunhas

Deixou-nos sem reação

- Isso porque

Com pessoas não sabem lidar

Tragam-nas para mim

Que agora eu quero conversar

- Agora mesmo detetive

Trarei a primeira de três

Enrico, o barbeiro

Que do falecido era freguês

- Diga-me barbeiro Enrico

O que você viu?

Segundo o policial

Daqui você não saiu

- Pois digo, senhor

Com meus olhos eu vi

O padeiro morrendo

E quase cai

E o matador em questão

Ainda me abomina

Não foi homem algum

Mas a faca é a assassina!

- Está meio correto

Mas não por completo

Sem um punho ou mão

A faca é só um objeto

- Policial, faça-me o favor

E traga outra testemunha

Pois Enrico o barbeiro

Não sabe de coisa alguma

- Agora mesmo, detetive

Trarei o segundo de três

John Smith, o recém chegado

Primo da vítima, que é inglês

- Diga-me, senhor Smith

O que você presenciou

Segundo o policial

Para o assassino você olhou

- Pois digo, senhor

Porque presenciei

A morte de meu primo

Homem que sempre estimei

O que assusta-me no entanto

Foi sua sina

Pois não houve matador

A faca é a assassina!

- A faca o matou

Isto já está registrado

Mas sem alguém para empunha-la

Na gaveta ela teria ficado

- Policial, me escute

E traga logo o terceiro

Pois o primo inglês

Sabe menos que o primeiro

- Agora mesmo, detetive

Trarei o último dos três

Senhorita Anna de Babinoux

Dama muito cortês

- Diga-me jovem dama

O que aconteceu?

Pois segundo o policial

Você sabe como o padeiro morreu

- Detetive, eu vi!

Respondeu ela emocionada

- Vi a faca entrando

E o padeiro caindo na bancada!

E detetive, digo mais

O que mais me fascina

Pois homem nenhum o matou

A faca é a assassina!

- Você também, minha dama

Com essa história estranha

Desculpe, mas não acredito

Que a faca sozinha realizou a façanha

- Policial me escute

Que aqui já terminei

Junte as provas que achar

Que na delegacia eu as verei

E mais uma coisa

Quanto a faca em questão

Quero-a sobre minha mesa

Quando eu retornar a estação

Sem entender o ocorrido

O detetive partiu

Não havia encontrado respostas

E fascínio pelo crime sentiu

Ao retornar para seu escritório

Que era na estação

Viu que as provas estavam dispostas

E sobre sua mesa a arma em questão

- Senhor detetive

Fiz como ordenou o senhor

Reuni as evidencias

Mas a faca deixei a seu dispor

- Obrigado policial

Mas deixe-me agora

Trancarei minha porta

Até entender a história

- Mas senhor detetive

E quanto a gravação?

Conseguimos as fitas

Do assassinato em questão

- Não preciso ver nada

Além do que presenciei

Por isso sou detetive

E o crime solucionarei

Fechando a porta e a trancando

O detetive então sentou-se

Pegou na mão a faca

E próxima aos olhos a trouxe

Viu que a faca não era faca

Mas a arma em sua mão

Era uma elegante adaga

E não instrumento de cortar pão

Com uma caveira no punho

E runas até o pontal

Afiada como um navalha

De fato muito letal

Cansado de pensar

O detetive se levantou

Deu as costas a adaga

Foi a janela e respirou

- Porque essa arma

Estaria na padaria

De um homem humilde

Onde não lhe haveria serventia?

E o que foi que levou

As testemunhas a falar

Que a adaga em questão

Foi a uma a matar?

Ainda janela

Ouviu batidas e gritos

Do outro lado de sua porta

Estavam os policiais todos aflitos

- Senhor, já descobrimos

E precisamos que abra agora

A gravação mostrou-se clara

E o assassino mata sem demora

O detetive virou-se

Pois não conseguiu entender

Mas sentiu muito frio

E a barriga doer

Em sua mão estava adaga

Mas porque, não sabia dizer

E isso o chocou

E fez até tremer

Caiu então no chão

Tinha sangue escorrendo da barriga

E no último suspiro exclamou:

- A faca é a assassina!