BRINCADEIRA MORTAL

A brincadeira era subir na caixa d'água de quatro metros de altura e de lá pular, cair de pé e rolar no chão como fazem os praticantes de artes marciais. Eram três adolescentes em busca de aventuras e dispostos a mostrar quem era o melhor da turma. Bobagem de jovem cheio de testosterona.

O primeiro a subir através da escada usada para manutenção da caixa d'água foi Sérgio. Ágil, olhou os arredores, a paisagem e, por fim, o chão. Então saltou. Com perfeição, praticante que era de judô

Depois foi a vez de Carlos, magrinho e sem jeito, divisar a altura, medir a distância mentalmente e, sem pestanejar, também se jogou na direção do vazio até o chão. Não foi tão bom quanto Sérgio, mas conseguiu realizar o feito sem se machucar.

Por fim, chegou a vez de Roberto, dos três o mais tímido e mais assustado. Todos sabiam que ele não dominava a técnica exigida para o objetivo a que se propunha. Já no alto, meio trêmulo por se forçar a fazer algo tão difícil e nunca tentado antes por ele, preferiu sentar na borda da caixa d'água e avaliar como se arriscaria para realizar a façanha. Após pensar uns segundos enquanto os outros o instigavam aos gritos, chegando ao ponto de chamá-lo de medroso, não teve jeito, pulou. Diferentemente dos amigos, caiu sentado. A dor foi intensa. Desmaiou. Levado ao hospital, o médico chamou a família e disse que Roberto nunca mais andaria, cair sentado daquela altura afetou para sempre sua coluna.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 27/08/2022
Reeditado em 29/08/2022
Código do texto: T7592174
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