O QUE SACI PERERE FAZIA NO MILHARAL?

Como aquilo era possível e eu estava realmente vendo, mesmo em estado de perplexidade? Lá no meio do milharal, apesar de ter uma perna só, o velho e conhecido cachimbo pitando na sua boca e a fumaça saindo pelo nariz, Saci Perere fazia mirabolantes embaixadas com uma bola branca.

A tal estranha e espetacular cena me veio aos olhos no entardecer de um dia qualquer, quando fui até ao milharal no intuito de apanhar algumas espigas de milho que seriam utilizadas para preparar pamonhas e canjica. Minha esposa , grávida, cheia de ansiedade e chorando, avisou o quanto naquele momento desejava comer pamonha e canjica. Como não tentar de tudo visando agradar a mulher amada, principalmente no estado em que ela se encontrava?

Além do mais, importante realçar, tínhamos a pequena plantação atulhada de milho a cem metros de nossa casinha no sítio onde moravamos. Segurando um saco de pano onde colocaria a colheita, corri até lá pressuroso, na verdade saltando a cada passada, e em poucos segundos cheguei. Tão lindo o nosso milharal carregado de espigas maduras e prontas para serem colhidas! Entrei por entre os espigões e me preparei para retirar os frutos mais promissores.

Nesse momento avistei o saci tranquilamente fazendo embaixadas, e o moleque tinha inesperada destreza para quem tem somente uma perna. Então como? Simples. De cabeça para baixo sobre as duas mãos, plantava bananeira e, usando a única perna, brincava com a bola como se fosse um craque