MERGULHO NO MAR

Se eu pudesse descobrir os mistérios do mar sem que nele fosse necessário mergulhar, certamente assim o faria e me encheria de gáudio. Nessa imersão imaginária, encantado, ser-me-iam revelados dele os segredos mais lindos, dentre os quais, estou certo, as sereias e sua sinuosidade deslizante e bela. No entanto, o sangue salgado, mais que a doçura, circulando em suas veias rubras se derramaria sobre mim frio e lento, contaminando o tempo enos sonhos.

Então o interregno entre minha presença por entre as ondas e a profundidade de minha busca por devaneios desconhecidos esvaziaria como se tragado pela força abissal de sua profundidade. Conhecer o canto das sereias me dominaria ou haveria em mim sutileza suficiente para não me deixar envolver pela beleza do lirismo que delas emana? Um mergulho tamanho e impensado tolheria meus sentidos, decerto jamais ousaria tenta-lo.

Por isso apenas imagino, não o ponho em prática. Um pulo no mar requer bastante coragem, ainda que a intenção seja abrir as comportas do conhecimento pleno daquelas que sempre foram imaginadas, mas jamais reveladas. As sereias são frutos de nossos desejos de uma beleza singela, de nossos anseios por novidades que complementem nossos anelos.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 24/04/2023
Reeditado em 24/04/2023
Código do texto: T7771556
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