MISTÉRIO, TRAIÇÕES E LOUCURAS - Cap. 8

Naquela mesma tarde Valentina levou Lourdes e Angelina para comprar roupas de academia numa loja no centro da cidade. Angelina mal se continha de tanta animação. Já Lourdes deixou a sobrinha escolher as peças sem sequer ver o que a garota pegava por conta própria. Porém, quando foi experimentar as roupas em casa, se assustou com as cores e o quanto que as peças se ajustavam em seu corpo.

― Valentina, pelo amor de Deus – Lourdes deu uma voltinha na frente do espelho. ― Parece que eu vou sair em uma escola de samba. E está muito justa!

Angelina estava por ali também experimentando suas roupas novas de academia.

― Então, gurias... Acho que fiquei bem, não é?

Lourdes olhou para a amiga e torceu o nariz.

― Você está muito indecente, isso sim.

― Amiga – Angelina se mostrava muito satisfeita com seu novo visual ― eu tenho 51 anos. O que eu tenho a perder? Olhem só – ela apontou para a parte de trás do corpo ― vou precisar caprichar no glúteo. Minha bunda está meio caidinha ou é impressão?

― Viu, tia? Se inspire na Angelina. Vocês vão bombar na academia. Não vejo a hora de chegarmos lá!

― Uhu! – vibrou Angelina.

― Socorro, Deus – gemeu Lourdes.

*

As três novas alunas da academia chegaram ao final da tarde. Angelina e Valentina eram pura animação. Lourdes, murcha, tentava se esconder atrás das duas. O trio foi recebido pela recepcionista animada.

― Uau, quantas gatas lindas! Bem-vindas, meninas! Prontas para ficarem mais gostosas?

― Ô... – fez Lourdes revirando os olhos, entediada. Prontamente levou uma cotovelada de Valentina bem no meio das costelas.

― Me sigam, meninas! Vamos até o andar de cima, para a sala de musculação. É onde a magia acontece.

Meu Deus, pensou Lourdes, irritada com a empolgação forçada da recepcionista. Será que ela era sempre tão feliz assim?

Lourdes entrou em um grande salão com muitos aparelhos de musculação e várias pessoas treinando. Ela pensou seriamente em dar meia volta e sair correndo.

― Vou deixar vocês nas mãos do Fabinho. Ele é o dono da academia e um excelente personal. Vocês estarão em ótimas mãos. Ei, Fabinho!

Lourdes voltou os olhos para a direita. Um cara na faixa dos trinta anos, músculos à vista, bronzeado de sol e olhos verdes vistos à distância, sorriu para elas. De longe, Lourdes percebeu os dentes bem branquinhos. Então este seria o personal delas?

Fabinho se aproximou sempre sorrindo causando sensações diferentes em Angelina, Lourdes e Valentina. Lourdes precisou lembrar a si mesma que estava viúva há poucos dias e não poderia demonstrar nenhum sinal de excitação para não pegar mal.

― Fabinho, estas são nossas novas alunas. Bom treino!

A moça foi embora e deixou as três frente a Fabinho. Além de gostoso, ele também era fofo e cheiroso.

― Gurias, que prazer recebê-las aqui em minha academia. Vou orientar vocês a partir de agora, tudo bem?

― Tudo ótimo – Angelina respondeu, alvoroçada.

― Estou ansiosa – declarou Valentina.

Fabinho olhou, então, para Lourdes, esperando alguma manifestação.

― Ah... eu também.

― Perfeito. Vamos lá.

O trio ficou cerca de uma hora na academia. Angelina ria de todas as gracinhas que Fabinho dizia. Lourdes, em dado momento, já nem escutava suas orientações. Não conseguia afastar os olhos do volume da bermuda dele. De que jeito o treino dela iria render com aquela visão... incrível? A única que parecia levar a coisa a sério era Valentina. Na saída da academia, já na rua, a jovem reclamou:

― Acho que vocês deveriam ter se focado mais no treino. Não sei como o Fabinho não percebeu os olhares libidinosos de vocês duas. Que vergonha.

Lourdes se ofendeu.

― De jeito nenhum eu olhei para aquele homem de outra maneira que não fosse a relação professor-aluno. Aliás, é um excelente professor. Amanhã estou de volta.

― Também o tratei normalmente – salientou Angelina. ― Mas não tenho culpa que ele usa uma bermuda colada. E não sou cega.

Valentina preferiu não esticar a conversa por conta dos músculos doloridos. Mais tarde, já em casa, Lourdes se atirou no sofá e esticou as pernas, gemendo. E comentou:

― Valen, você não achou o Fabinho parecido com alguém? Ele me lembra uma pessoa. Só não sei quem é.

― Então... agora que você falou... Me parece que sim. Quem será, tia?

― Não faço a menor ideia. A única coisa que posso afirmar é que amanhã eu serei a primeira a chegar.

... continua