O Natal de um garoto de rua

          Era 24 de dezembro e a cidade estava num agito só. Cidadezinha de interior todos sabem- aconchegante... Todos os moradores na rua se abraçando para comemorar a chegada do Natal. Os carros da cidade passeavam de um a outro lado, businando em festejo... Tudo estava lindo!
          Uma garotinha - de mais ou menos seis anos de idade - que se afastara de seu pai para brincar e saltar de alegria por algo tão lindo que mexia com suas emoções- e tantas luzes que elevara sua adrenalina a mil-, notou meio afastado de todos um garoto sujo (regulava sua idade; talvez uns dois anos mais velho) que deixava uma tímida lágrima escorrer de seu rosto. Ao que lhe perguntou a garotinha:
          - Por que choras? Não vês as luzes, a linda árvore de Natal que os moradores montaram juntos? O Papai Noel está chegando! Vamos. Se alegre! Todos os anos ele vem nos encher de presentes. Vamos!
          E lhe respondeu o garoto: - Todos os anos? O Natal é sempre assim?
          - Sim... - disse ela- parece que nunca viste um Natal... Se demorar vai perder toda a festa, o peru, as uvas, a lentilha... amo! Todos vão se abraçar a meia-noite e dizer: Feliz Natal! (riu-se) Minha mãe sempre me da um beijinho na pontinha do nariz e uma uva; aí me diz: Corre, filhinha! Vi o Papai Noel colocar um presente na sua meia, corre. - respondeu a menina cheia de alegria.
          - Sabe de uma coisa? - disse ele a ela - Eu sempre vi as luzes, e também vi as árvores, e até mesmo o Papai Noel andei encontrando por aí... Mas agora que me descreveu como é o seu Natal, concordo com você: parece que eu nunca vi um Natal mesmo...