A pequena vendedora de isqueiros.

Tudo começou no dia de natal, e se estendeu mais ou menos até o ano novo, havia uma menina de olhos tristes, pele enrugada pela sol, que vendia isqueiros para sustentar seus irmãos mais novos, sua mãe era catadora de lixo, e seu pai, um alcóolatra, porém a pequena Carolina não tinha medo da vida.

No dia vinte e quatro de dezembro, ela sabia, que sua barriga iria roncar mais do que nunca, pois ela sabia que nesta data, as mais variadas guloseimas iriam fazer parte da mesa de muitos abastados, e que ela e sua família não passavam de maltrapilhos desvanecidos.

Carolina, saiu de casa bem cedo, ou melhor, de madrugada, pegou carona no trem, e foi-se embora anunciando seu produto: isqueiros.

Quase ninguém comprava, e quem o fazia, fazia demonstrando pena e às vezes, revolta, por ver uma criança, de apenas oito anos, solta pela cidade a vender. Mal vestida, desgrenhada, e tão pequena, alguns balbuciavam, como pode, aonde vamos parar...

A criança destemida, desceu na Central do Brasil, e dali, pegou carona no trem do metrô, com rumo para o centro da cidade do Rio de Janeiro, iria tentar vender os cinquenta isqueiros que sobraram, já havia vendido cinco, no trem, porém isso era pouco. Caiu em campo de batalha, andando apressada por entre os transeuntes alucinados, por irem para suas casas mais cedo, pois, afinal era natal.

Uma mulher muito gorda e bem vestida, esbarrou na garota, e impacientando-se proferiu dois palavrões, e depois seguiu seu gordo destino, uma loja de queijos e vinhos. A pequena vendedora, levantou-se do chão, catou todos os seus isqueiros, e continuou sua trajetóira, entrou numa lanchonete conhecida, por seus sandwiches feitos com minhoca, e ofereceu sua mercadoria, um homem de óculos, muito apressado que carregava dois refrigerantes e dois sorvetes para sorver...ficou indignado...

Com a presença da garotinha e queixou-se ao gerente dizendo ser um absurdo ele cansado, com fome, depois de enfrentar um péssimo e caudaloso atendimento ter agora que ser forçado a fazer caridade.

O gerente que era um homem cristão, disse ao homem que por ser natal, ele não se sentiria bem, em expulsar aquela crianinha pobre dali, a menina estava em pé, próxima a um casal que a olhava curioso....a mulher peguntou qual era o valor de cada isqueiro, e a menina responde "UM REAL", imediatamente a mulher abriu a bolsa e comprou tudo. Entregou uma nota de cinquenta reais à sortuda criança, que abriu um largo sorriso, e exclamou: Agora já posso comprar pães de rabanada, ovos e fósforos para acender o fogão à lenha da mamãe e podermo ceiar com Jesus na noite de Natal.

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 06/11/2010
Código do texto: T2599412
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