MOMENTO MÁGICO

Eu estava nervoso. A sala estava cheia de gente. Parentes e amigos. Mais parentes que amigos. Olhei a grande árvore enfeitada, a estrela brilhando no alto, as luzes piscando intermitentemente, tudo indicava uma coisa. Era Natal.

Devo confessar que estava com medo de fracassar, de ser desmascarado de repente por alguém desavisado. Respirei fundo entrei na sala. A primeira sensação que tive foi de que eu não era mais eu. Era e ao mesmo tempo não era. Não governava meus atos, parecia que outra pessoa estava dentro de mim, que interagia comigo. Então todos começaram a aplaudir minha chegada. A magia do natal começava a se manifestar com todo o seu esplendor e envolvia a todos na sala.

Sentei no trono que haviam preparado e esperei que as crianças viessem falar comigo. Comigo não. Mas com o personagem mítico que eu estava interpretando.

Algumas crianças choravam, não queriam se aproximar, tinham medo daquele velho barbudo que não parava de dizer HO!HO!HO! FELIZ NATAL

Pouco a pouco elas começaram a se aproximar, o velho barbudo não era tão estranho assim, e alem de entregar os presentes distribuía balas e pirulitos deliciosos. Quando chegavam perto, primeiramente temerosas, mas depois sorridentes, contavam seus segredos e seus sonhos, seus medos aos poucos eram transformados em largos sorrisos de felicidade.

Papai Noel agora estava a vontade entregando os presentes, nem parecia que atrás daquela falsa tranqüilidade, habitava um homem triste e descontente com a vida, que já não acreditava em mais nada, mas que fazia questão de todo dia 25 ser o papai Noel. Talvez ele se recorde dos tempos de criança quando esperava o Natal e não ganhava nenhum presente.

Hoje ele deixa de ser ele mesmo para ser o portador de esperanças de um mundo de poucos momentos mágicos

HO!HO!HO!HO! FELIZ NATAL!

Adão Jorge dos Santos
Enviado por Adão Jorge dos Santos em 18/12/2005
Reeditado em 04/02/2007
Código do texto: T87834