Doce de flor de laranjeira

A minha mana, Gislene

O inverno se aproxima

A abelha operária Gislene termina a faxina na cozinha

Aviva o fogão a lenha com novas achas

Pega a colher de pau e um tacho de barro largo e fundo

Numa das bocas da chapa, segurando pelas asas, assenta a vasilha

Então cuida dos ingredientes

Uma quantidade considerável de néctar de flores de laranjeira, água

(E o segredo da mestra doceira):

Uma pitada discreta de pólen!...

Mistura bem... Com carinho de quem faz por amor

Dá uma mexidinha de quando em quando

Raspa a colher de pau no fundo do tacho

Vrasch... vrasch... vrasch!...

(A calda ainda não está no ponto!...)

Continua a mexer... Faz círculos, semicírculos

Não pode grudar!... Abranda o fogo

O cheiro impregna-se na colmeia

As larvas pedem um lambidinha do melado da colher

Sorri e retira com os dedos um pouquinho

Para logo em seguida lambuzar a boca dos filhotes: Hum!...

Retorna ao movimento: Vrasch... vrasch... vrasch!...

Quando a calda começa a soltar no fundo do tacho

Gislene soca alguns gramas de cravim num pilãozinho de madeira

E deita o pó adquirido dentro do vaso de barro salpicando aromas

Depois retira o tacho do fogo e o cobre com folhas de bananeira

Repousando o doce para corar numa das beiras do fogão

Espera que ele atinja tons amarelo-castanhos

E o armazena nos favos de mel.

(A noite será povoada de bons sonhos para o inverno!...)

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 01/08/2009
Reeditado em 01/08/2009
Código do texto: T1730467
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