Vida exílio
Vida exílio
9:20
Ele amava ficar olhando a lua
e, chamado às armas
o Sub Rato lhe diz: Senta a pua!
E esqueça as mágoas!
E lá na guerra,
a lua era um tênue abajur.
Olhava para ele, como fosse a esfera
que antes lhe inspirava o amor.
Mas sim, é claro!
Agora de ódio se veste
e (nele), sentimento tão raro,
o coração lhe fere.
Em uma plantação de abóbora
dá um tiro num paspalho
e quando chega a aurora,
vê que era um espantalho.
Mesmo assim, chora
e medita em desconsolo:
No que me transformei agora?
Num homem? Num monstro? Num tolo?
O Rato Maior chega e diz:
Levanta daí, frangalho!
Volta para tua meretriz!
Anda, corre, rebotalho!
Os Ratinhos então, fazem troça
da pobre vida atrapalhada
Pois, dos outros a ferida exposta,
por graça pode ser tratada.
Volta para casa, ao travesseiro.
Conta-lhe as mágoas, os dissabores.
Pois, se da vida o espinheiro,
também há de ter seus amores.
.
“Senta a pua” é o mote!
E de humilhado a vagabundo
não temos outra sorte
neste cruel e vasto mundo
Pois quem, embora isso tudo,
tentemos ser dignos
mesmo vivendo nesse entulho,
nesse mundo de mendigos.
E para alguns, isso chamam ‘luz’
e para outros, uma ardente chama.
Mas a todos, um fio conduz;
A todos a morte reclama.