Vida exílio

Vida exílio

9:20

Ele amava ficar olhando a lua

e, chamado às armas

o Sub Rato lhe diz: Senta a pua!

E esqueça as mágoas!

E lá na guerra,

a lua era um tênue abajur.

Olhava para ele, como fosse a esfera

que antes lhe inspirava o amor.

Mas sim, é claro!

Agora de ódio se veste

e (nele), sentimento tão raro,

o coração lhe fere.

Em uma plantação de abóbora

dá um tiro num paspalho

e quando chega a aurora,

vê que era um espantalho.

Mesmo assim, chora

e medita em desconsolo:

No que me transformei agora?

Num homem? Num monstro? Num tolo?

O Rato Maior chega e diz:

Levanta daí, frangalho!

Volta para tua meretriz!

Anda, corre, rebotalho!

Os Ratinhos então, fazem troça

da pobre vida atrapalhada

Pois, dos outros a ferida exposta,

por graça pode ser tratada.

Volta para casa, ao travesseiro.

Conta-lhe as mágoas, os dissabores.

Pois, se da vida o espinheiro,

também há de ter seus amores.

.

“Senta a pua” é o mote!

E de humilhado a vagabundo

não temos outra sorte

neste cruel e vasto mundo

Pois quem, embora isso tudo,

tentemos ser dignos

mesmo vivendo nesse entulho,

nesse mundo de mendigos.

E para alguns, isso chamam ‘luz’

e para outros, uma ardente chama.

Mas a todos, um fio conduz;

A todos a morte reclama.

César Piscis
Enviado por César Piscis em 04/01/2010
Código do texto: T2011106
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