Recreio

O recreio da escola é super animado. A gente corre, brinca, come, pode fazer xixi e consegue descansar a cabeça do monte de coisas que a professora, num sacrifício sobre humano, tentou ensinar.

O recreio é a melhor parte da escola!

E tudo ia bem naquela tarde de verão – dava até pra gente pensar que o mundo ia derreter, de tão quente que estava – até que a tragédia aconteceu. Tragédia significa: “Acontecimento triste, funesto, catastrófico” e eu sei disso porque a professora levou duas aulas tentando fazer a gente entender como que procura uma palavra no dicionário e até que ela conseguiu ensinar, o duro foi a gente aprender, levei um tempão, mas consegui achar o significado da palavra tragédia...

Lá estava eu correndo atrás do Pedro para devolver a “sardinha” que ele tinha me dado na entrada da escola e, de repente, quando já estava pra pegar o Pedro, meu pé grudou no chão. Eis ai a maior tragédia da minha vida! Que nojo! Quem teria jogado aquele montão de chicletes no meio do pátio? Ainda mais com aquele calor, aquilo estava um grude só, colando até pensamento.

Parei, é claro e o Pedro ficou ali com os meninos rindo de mim. Que raiva! Enquanto ficava ali com meu pé para cima, sem saber o que fazer ou como me livrar daquele monstro, tocou o sinal, aquele que sempre toca pra acabar com a brincadeira avisando que está na hora de entrar e, como eu poderia subir para a sala se nem o pé no chão estava conseguindo colocar? O negócio era limpar meu pé, livrando daquele negócio gosmento e grudento, mas como fazer se o nojo era maior? Quem teria jogado aquilo ali? Que boca teria mastigado aquele chicletes?

A essas alturas, meu estomago começou a virar e num susto acordei dos meus pensamentos com a tia à minha frente querendo saber o que eu estava fazendo ainda ali se todo mundo já havia subido pra classe. Mal a mulher terminou de falar e não deu mais pra segurar. Meu estomago parecia sair pela boca com tudo que tinha comido naquele dia, lavando a tia, o pátio e o bendito do chicletes que ainda teimava em ficar no meu pé. A tia não quis saber. Me pegou pelo braço e me arrastou até a diretoria onde a diretora, vendo que meu mal era o nojo do que estava grudado em mim, tratou de ajudar a tia no livramento do meu pezinho daquele monstro gosmento.

Que alegria senti ao me ver livre daquele mal. Nem ouvi a bronca da diretora e a reclamação da tia... Acho que essa é a grande vantagem em ser criança, a gente quase morre numa hora, mas quando consegue resolver o problema, pronto, é só alegria!

Quanto ao Pedro, ele que me aguarde. Amanhã tem aula outra vez e, em dia de aula tem sempre recreio e ai... Ele que me aguarde...

Aisha
Enviado por Aisha em 05/05/2010
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