A nuvenzinha

Uma nuvenzinha resolve ir à praia e pega uma carona no vento. O sol ainda leve colorindo o céu: seus raios em tons ferrugem, suave, descendo em fios no ar, tingindo as águas. Pássaros alternando o voo em imensos mergulhos numa deliciosa sensação na manhã. E pensava-se ser um bailado de aves – ora no mar, ora no ar...

Ouvem-se longos suspiros. A nuvenzinha faz curvas, levanta os braços, estica-se, e se envolve num branco véu, deixando o vento arrastá-la para os arrecifes.

Senta-se no alto de um rochedo e vai-se dobrando aos olhos do sol, feito lençol de algodão, macio, macio: zzz...

Acorda do cochilo, ao meio-dia.

_Hum! Acho que vou me refrescar!- diz enrolando-se na brisa do mar.

Glup, glup, glup...

Em seguida observa, com ternura (as bochechas rechonchudas de águas) e, mesmo pesada, alarga um sorriso nas faces.

Então, o vento, quase que cansado, e fraco de andar, quer voltar para casa. A nuvenzinha tem agora um corpinho cinzento, quase azulado. Os pés querem seguir, mas as mãos deslizam nas asas do amigo: _Não, vou ficar por aqui!

E ele se vai, entre ondas e marés.

Silenciosa, não sabendo o que fazer (chorava ou sorria), perto do anoitecer, vê a lua nascer.

_Ela vai beijar as águas?

E minutos, horas passam... E a nuvenzinha fica escura, acolhendo com seus frios braços as gotas de orvalho do mar. E fica rondando, rondando em pensamentos, e de certo modo, querendo entender por que a lua beija o mar...

Longamente sente as cores da noite dentro de si. E quando a lua vai dormir, e quando todos os ventos dão os últimos passos nas areias da praia, ainda se vê, a nuvenzinha, à beira-mar.

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 27/07/2010
Reeditado em 03/08/2010
Código do texto: T2403145
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