Nicolas e Elizabeth - Carinhos de mãe (Pulgas 2)

Memórias de Liza:

“Perdi meus pais antes dos dois anos. Quando tive catapora, a mãe de Nico ajudou a cuidar de mim e passava uma pomadinha cuidadosamente nos meus ferimentos para aliviar a coceira. Eu adorava aquilo, e achava que era assim que as mães faziam com as filhas. No dia em que pegamos pulgas, Nico passava pomadinha nas minhas picadas uma a uma, com todo cuidado. Eu tinha uns cinco anos, ele uns seis.

Acho que vovó nos deixou passar pomada só para fazermos alguma coisa, as mordidas das pulgas, pelo menos as da fazenda, não fazem nada, só fica uma pintinha que some no dia seguinte, não precisa tratar nem nada. Mesmo assim Nico tratava delas cuidadosamente. Até nas minhas coxas.

- Ei Nico, assim eu fico com vergonha. Você está me vendo toda.

- Sua vó Nena falou que não precisa sentir vergonha.

- Mas eu sinto. O que eu vou fazer?

- Ora, feche os olhos, assim você não vê eu olhando você.

- Mas você vai ver tudo!

- Não faz mal. Eu faço de conta que não estou vendo nada, está bem?

- Está…

E Nico tratou de todas as mordidas.

Quando eu fiquei de costas, senti seus dedos acariciando cada pintinha e fechei os olhos, imaginando que aquilo era como os cuidados de uma mãe, e fiquei aproveitando aqueles carinhos.

Mas aí o danado achou que eu estava triste e resolveu brincar comigo, fingindo que matava pulgas com o travesseiro. Foi muito divertido, mas não esqueço mesmo é do carinho com que ele cuidou de mim.

Carinhos de mãe.”