O Guardião do rio

Era uma vez um menino que não tinha nome, mas tinha apelido, muito engraçado por sinal. Era chamado de Buiú por seus amigos.

Ele morava numa casa de barro coberta de palha de coqueiro às margens do Rio Parnaíba.

Rio de muitas águas e de corrente forte capaz de arrastar qualquer um que não souber nada direito.

Buiú, todos os dias quando chegava da escola da pracinha, ia para o rio com seus coleguinhas tomar banho e nadar até antes do sol se por.

Porém, eles nunca ficam no rio até o anoitecer, por conta da lenda do monstro do rio.

Perguntaram a Buiú que lenda é esta.

Ele respondeu:

- contam as pessoas mais velhas que todas as sextas feiras lá na região do matadouro, perto do rio Parnaíba, que após o pôr do sol, um peixe muito comum na região chamado piau, quando toca na pedra do fogo no fundo do rio exatamente na hora que o sol se põe, se transforma num monstro azul meio peixe, meio homem, que com suas orelhas grandes é capaz de ouvir barulhos e sussurros nas proximidades do rio, ainda que a longas distancias.

E continuou:

- Dizem ser ele o guardião do rio. Quando ouve gritos de crianças brincando em suas águas ele mergulha fundo para ninguém percebê-lo e nadando com auxilio de suas orelhas enormes atinge uma velocidade que nenhum outro peixe do rio é capaz.

Faz isso toda vez que com suas orelhas gigantes escuta criancinhas brincando dentro do rio sem a companhia dos pais ou adultos.

Chegando bem perto e em silêncio, ele salta repentinamente de dentro da água, levantando a maior quantidade de água possível, num salto alto e aterrorizante, assustando a todos, majestoso como sempre, abrindo suas enormes orelhas, seguido de um berro ensurdecedor, e caindo na água novamente.

Faz este ritual, quantas vezes forem necessárias para afugentar a todos. Só para assustar.

Se com todo esse espetáculo as criancinhas não se retirarem de seu rio, ele não vacila em vir por baixo d’água silenciosamente e agarra com força o pé da criancinha e levá-la para o fundo do rio. Depois disso ninguém nunca mais ouvirá falar daquela criança. Ela será transformada em um bicho da mesma espécie e ajudará na proteção do rio Parnaíba o segundo maior e mais importante dom nordeste.

O monstro azul faz isso não porque é mal ou porque não goste de crianças. Ele simplesmente é o guardião do rio e não quer que ninguém polua o rio jogando lixo, entulho e esgoto em seu leito e nem corra o risco de se afogar nadando sem a supervisão de um adulto.

Essa é sua missão, para que o rio permaneça limpo, de forma que todas as crianças tenham sempre água potável para tomar banho, cozinhar e beber e sempre que possível desde quie acompanhado de um adulto nadar nas suas águas, que dizem os moradores ribeirinhos ter o poder de limpar a alma.

David Bandian
Enviado por David Bandian em 29/10/2010
Reeditado em 30/10/2010
Código do texto: T2585262
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