Ratinho de Páscoa

O Maurício acordou no meio da noite e foi de fininho até a sala de estar. Estava ansioso pra ver se o coelho da Páscoa já visitara seu ninho, que ele fizera com uma caixa de sapatos da sua mãe, que passara uma tarde pintando com tinta guache azul e enchera de papel picado.

Ligou a luz e as pegadas branquinhas no chão atestaram que o bicho passara por ali. Procurou debaixo da mesa e atrás da estante de livros... E então, achou o seu ninho recheado atrás do sofá!

Com alegria, ele carregou a caixa até o tapete, se sentou sobre ele e começou a analisar os espólios. Coelhinhos de chocolate, ovos de galinha recheados com amendoim torrado com açúcar, um ovo enorme e um ratinho... Peraí, aquele ratinho não tinha sido o coelho que colocara ali!

-Ah, oi! – O menino disse para o ratinho que tinha nas mãos. – Você mora no sótão daqui de casa. Veio ver o coelho da Páscoa?

O ratinho Cassiano piscou. Que estranha onda de culto ao coelho estavam vivendo naquela casa! Ele tinha apenas sido atraído pelo cheirinho do amendoim torrado e acabara dentro daquele mar de papel cortado.

-Você quer comer chocolate comigo? – O menino depositou o bichinho na mesa de centro e pegou um dos ovinhos pequenos. Desembrulhou e quebrou um pedacinho, que colocou ao lado do Cassiano.

O ratinho cheirou, fungou e resolveu experimentar aquela coisa estranha. Seus olhinhos se fecharam quando ele sentiu o sabor docinho. Nunca comera chocolate antes... Era delicioso!

Menino e rato ficaram ali aproveitando o chocolate, até um barulho no quarto indicar que a mãe do Cassiano estava levantando.

-Xi, acho melhor você ir embora. A minha mãe não gosta de ratos...

Como se tivesse entendido o recado, o bichinho terminou seu chocolate e correu para um buraco na parede. Foi pra casa e contou a sua história e desde então, todos os ratos da casa esperam o novo período de culto ao coelho, para tentar roubar um pedaço daquela iguaria marrom e deliciosa que o Cassiano lhes contara.