“Brotinho”.

Quando o tempo mudava para chuva, gostávamos de brincar no vento. Parece que a gente ia voar, abríamos os braços e tínhamos aquela sensação gostosa. De onde apareceu, ninguém sabe. Presume-se que pulou, ou caiu de algum caminhão de mudanças. Sem as mínimas condições de encontrar o dono ele foi adotado. Ele era meu, mas também de minha irmã e do meu vizinho. Enfim era um cão sem dono ou de muitos donos. Este cachorro era infeliz, pois tomava café três ou quatro vezes ao dia, almoçava idem, jantava também. A falta que ele sentia do antigo dono teve ter suprido facilmente. Como não tinha nome, era cachorrinho, amarelinho, cãozinho, não dava, não chegávamos a um acordo. De repente minha irmã que era muito brava decidiu: Brotinho. O nome dele é brotinho. Com ela a maneira mais inteligente que eu poderia ter era concordar, ou eu j á sabia o preço. Brotinho era um cão vira lata, pequeno, folgado como ele só. Sentia-se e era a ultima bolacha do pacote. Desobediente, interesseiro, e mercenário. Era a descrição que mais se aproximava dele. Dentre as coisas que fazia, uma era chupar sorvete, outra era nadar como poucos. Talvez pelo excesso de zelo engordasse demais. Começou a desmaiar e a babar. Um belo dia desapareceu. Desconfio que meu pai sabendo que ele estava doente, o ajudou a ir aos felizes campos de caça. Mas afirmava ele que passou um caminhão, e as crianças o reconheceram, levando embora. Era a história que melhor cabia para a situação. O tempo faz com que nos esqueçamos, embora que de vez enquanto, me lembro do brotinho. Foi uma das muitas coisas boas que tive na vida. Brotinho, você foi o açúcar de nossa vida, embora que por pouco tempo.
Oripê Machado.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 30/01/2012
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