Príncip... Pirata!!!

Era uma vez um reino muito distante, onde vivia um rei ganancioso. Ele desejava expandir suas terras e, para isso, guerreava contra os reinos vizinhos. Seu exército não era dos melhores, mas, em quantidade, era sempre o maior.

A verdade era que o rei não pensava nas pessoas que viviam em seu reino. Ele apenas pensava em si mesmo, numa maneira de aumentar seu poder. Os reinos vencidos tinham de pagar tributos e os prisioneiros de guerra viravam, praticamente, escravos.

O povo daquele reino já não aguentava tanta guerra. Muitas famílias ficaram incompletas, muitas mulheres, viúvas e muitas mães, sem os filhos. Além disso, os sobreviventes que sofriam alguma mutilação durante uma batalha, não recebiam amparo, mesmo vencendo a guerra.

O rei era poderoso e seus navios de guerra eram de dar medo: enormes e repletos de soldados.

A única coisa que fazia o povo tolerar o rei era a rainha Ágape, que tratava as pessoas com carinho, amor e benevolência. Se não fosse a presença dela, muitos já teriam se revoltado.

O fato é que, depois de certo tempo, a rainha engravidou. E foi assim que nasceu o príncipe Henrique.

Diferente do pai, Henrique era querido por todos. Desde criança, nutria afeição pelas pessoas ao seu redor. Era divertido, criativo, carismático e simpático. Tornou-se um jovem independente, destemido, ousado e misericordioso.

Henrique e Adolfo, pai do jovem, sempre entravam em conflito quanto à forma de governar. O rapaz queria acabar com as guerras, mas seu pai insistia em realizá-las.

Até que um dia, certos mercadores apareceram no reino. Eles diziam ser de um lugar bem longe e convidaram o povo a visitar o navio, que estava coberto de muitas novidades: tecidos, joias, amuletos entre outras coisas.

O príncipe, sempre atento a tudo, quis conhecer os tais mercadores. Assim, ele foi conduzido por eles para dentro do navio. Todos ali sabiam que se tratava do herdeiro do rei.

Ao entrar no navio, Henrique percebeu algo estranho: só havia homens. Alguns sem braços, outros sem orelhas, outros sem uma perna e um outro com um tapa-olho. Nossa... Eram piratas! O príncipe ficou assustado, mas tentou disfarçar...

O capitão era o que tinha o tapa-olho. Ele até parecia boa gente: era engraçado e falava demais, como um bom mercardor. Conhecia cada peça exposta.

Foi apenas no momento em que o príncipe tentou ir embora que todos revelaram a real intenção: raptar o herdeiro do rei para cobrar o resgate.

Mas o príncipe reagiu: conseguiu soltar-se das mãos de dois homens, empurrou outros três e bateu em mais dois. Quando já se encaminhava para a escada, o jovem príncipe avistou alguém que lhe era familiar. Nesse momento, todo o navio silenciou. O príncipe não acreditava no que via: reecontrou um amigo querido, que foi o seu tutor durante a infância.

Cátaro era um homem generoso, paciente, corajoso e muito fiel aos seus princípios. Além de tutor, era jardineiro e cultivava as flores do castelo. No entanto, certo dia o rei o convocou para a guerra. Cátaro rogou por clemência, mas o rei o forçou a lutar. Meses depois, a notícia era de que o jardineiro havia morrido em combate. Isso afetou o pequeno príncipe que, na referida época, estava com 12 anos.

Henrique correu para abraçar seu antigo mestre e ficou chocado ao perceber que o mesmo havia perdido um dos braços. Cátaro ficou feliz com aquele gesto carinhoso. Ficou mais emocionado ainda quando sentiu as lágrimas de seu antigo discípulo escorrerem ao lado onde havia perdido o braço.

Cátaro contou para Henrique que todos aqueles piratas eram antigos combatentes do exército de seu pai, Adolfo, que não os ajudou depois que ficaram mutilados. O rei não cumpriu o acordo de oferecer terras a quem fosse para a guerra. Todos haviam perdido suas famílias. Muitos pensaram até em suicídio. Foi quando o capitão Arimateia resolveu que todos deveriam se unir para fazer justiça. Assim, tomaram posse de um dos navios de guerra, o que tinha mais canhões. Improvisaram pernas feitas de madeira, mãos feitas com ganchos, lenços para cobrir as cabeças de quem só tinha uma orelha etc. O navio estava carregado de ouro, tecidos e outros artigos: eram os tributos a serem pagos a Adolfo.

O plano era capturar o rei, mandá-lo para longe, dar fim às guerras e partilhar o tesouro real com o povo. Mas como o príncipe tinha ido no lugar do pai, todos resolveram que o melhor seria cobrar o resgate, devolver o jovem raptado e depois viajar pelos mares.

Enquanto isso, no castelo, a rainha sofria pela perda do filho. Tal sofrer comoveu Adolfo, que se arrependeu de todo o mal que havia feito para as pessoas. Então, o rei fez uma promessa: se o filho voltasse, terminaria as guerras e faria justiça a quem negou ajuda.

Quando os piratas voltaram, disfarçados, para cobrar o resgate, notaram que o povo estava em luto por causa do príncipe. Então,

Continua...

Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP)
Enviado por Maria Cleide da Silva Cardoso Pereira (MCSCP) em 19/06/2012
Reeditado em 02/07/2012
Código do texto: T3733619
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