A menina dos cabelos d' água

Hoje acho que essa história é contada por uma Ya, ela é negra, alta, tão linda que me apaixonei no momento que lhe vi, Ieie Mamãe...

A menina da história se chama Somi.

Quando Somi era pequena, gostava de brincar num rio perto de casa, gostava de deitar-se bem na borda,

com a cabeça contra correnteza e sentir seus cabelos serem penteados pelas águas.

Enquanto isto as águas cantavam aos seus ouvidos, sons que só aquela menina podia imaginar, como por

exemplo, o das lágrimas correndo pelo rosto, ou da água de boca quando sente o sabor de um belo pedaço de

chocolate, é, ela passava o dia brincando com os sons que a água fazia.

Sua mãe lhe dizia – um dia ainda vira água, e então ela ria – queria mesmo que seus cabelos fossem como

as águas.

Um dia um senhor, um pouco mais acima de onde brincava, resolveu pescar, e quando ele pisou no rio e

caminhou, até um bom lugar, as águas ficaram turvas, coloridas pelo barro vermelho e marrom do rio, então logo

sem pestanejar ela colocou seus cabelos n’água esperando que as águas os pudessem transformar.

Imagina que desenhos bonitos, aquele seu cabelo então poderia ter...

Mas nada feito! Parecia que a água não queria brincar.

Teve outro dia, era já primavera e as árvores eram só cores, com suas flores perfumadas. Num instante

silêncio, noutro revoada, e com o sacudir dos pássaros, as flores desciam sobre as águas e vinham em sua direção,

era quase um sonho, do fundo do teu coração, lançou seus cabelos n’água, querendo mais uma vez que esta

pude-se lhe dar um presente, então, antes que tudo se fizesse... fechou os olhos com força, e fez um pedido

baixinho:

– Osun, mãe dos rios, dos dos caminhos d’água, encanta este meu cabelo, me dê cores e os desenhos d’água!?

E então antes que abri-se os olhos a água se ergueu, parecia um vendaval, a água feito fitas bailava no ar,

e vinha toda colorida, com desenhos de flores, com cores de barro, com reflexos do céu, quando os olhos então

se abriram, era mágico o que viram, as águas buscavam caminho e como se fosse o leito do rio, ela percorria agora

os cabelos de Somi e esta não podia se conter de tanto encantamento, até que então, num determinado

momento suas mãos tocaram seus cabelos, um enorme sorriso se fez em seu rosto, seus cabelos... pareciam estar

envolvidos pelas estrelas do céu e quando a água se foi, correr de novo em seu leito,ao seu lado haviam outros

tantos, outros tantos tecidos mágicos feitos de fios d’água.

Dizem que Somi, resolveu então contar histórias. Histórias estas que guardava em sua cabeça, acho que

de verdade as histórias eram veios d’água, aqueles tecidos mágicos em seus cabelos, pareciam brilhar quando

logo uma história nova ia começar.

Ela, ensinou então suas filhas, a usarem os presentes de Osun e a como tecer seus fios mágicos, para

encantar seus cabelos e encantar os corações de terra com histórias que mais pareciam o correr das águas...

Dimas Reis
Enviado por Dimas Reis em 23/03/2013
Reeditado em 23/03/2013
Código do texto: T4203747
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