É Chegada o Grande Dia (Copa do Bairro)

A semana toda foi preparativo e trabalho para esse dia. Não é a Copa do Mundo e sim, a Copa do Bairro. Eles carpiram o terreno, foram no matagal pegar eucalipto para fazer as traves do gol e pegaram sem permissão o cal da vizinha “doida” da rua para fazer a marcação do campo.

No dia anterior ao dia tão esperado, eles queimaram o mato seco, e conseguiram irritar a vizinha que morava ao lado do campinho. Os canos da casa dessa senhora passavam em baixo do campinho e por descuido eles foram queimados. Quando viram, a primeira reação foi de risadas, mas depois da histeria e gritos da vizinha, perceberam que fizeram merda.

Em uma região carente de divertimento, havia dois campos de futebol: o primeiro ficava ali perto da cachoeira do Recanto Feliz (campo do Crispim) que devido à obra do piscinão, a terra tirada dessa obra veio para no campo; e o outro (campo de várzea do Recanto) aconteceu no espaço um rodeio, que depois do evento ficou impossível jogar bola, devido as modificações para o evento. Bem vindo ao país do futebol, onde governantes gastam milhões de dinheiro dos contribuintes para ergue estádio particular para ficarem bem visto e lucrarem com os grandes capitalistas esportivos (CBF/FIFA e Empresas Patrocinadoras da Copa do Mundo).

Só que a verdadeira alegria desse esporte está longe do mundo midiático e empresarial. Ali em um terreno baldio se fortifica amizade, se estreita relação, tem suas desavenças também e para muitos a única alegria e tempo de lazer.

Os times foram formados pelos gostos em comum fora das quatro linhas, alguns deles: “Avassaladores” formandos pelos meninos que a cada gol comemoram com uma dancinha de Funk; “Galácticos” apelidados pelos demais como “Os Evangélicos”, pois tinha quatro irmãos evangélicos; “Os Neymars” devido aos cabelos cortados moicanos, mas por que tinha mais moleques habilidosos, com talento para estar no profissional, mas no campinho da quebrada não tem olheiros.

Para a maioria desses meninos, o campinho é uma válvula de escape. Correndo no Sol quente eles esfriam a mente: alguns não lembram que não tomou café da manhã, outros esquecem a discussão dos pais que viraram a noite. E é campo fértil, longe da visão dos pais, para atos libertinos.

O campeonato começa eufórico, muitos gols e brigas também. Teve uma pausa, para arrumar uma bola, pois um integrante do time “Os +”, que era dona da bola, foi embora e a levou após uma derrota, sai do campo emburradinho. Na sequência “Os Evangélicos” tivera que sair, o pai deles veio buscá-los, o pai era contra futebol, dizia: “jogatina era coisa do capeta”. Arrumaram outra bola e o campeonato prosseguiu.

O campeonato chegou à final com “Os Neymars” enfrentado “Os Arranca Toco F.C”, mas a final não aconteceu e eles tiveram que dividir o troféu (um fardo de refrigerante). O motivo para não ocorre à final foi à vizinha dos canos, para se vingar e para parar a perturbação de toda hora ficar jogando a bola que caia no seu quintal, furou ela; furou não, cortou todinha.

Danilo Góes
Enviado por Danilo Góes em 25/04/2013
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