A GALINHA FOFOQUEIRA

O dia ainda não amanhecera, e já estava Cristinha, a galinha fofoqueira, sorrateiramente no escuro tentando ver por baixo das amigas adormecidas, qual delas havia colocado ovo.

Ela sempre fora assim desde franguinha. Passava boa parte do tempo prestando atenção no que as outras faziam e saía de poleiro em poleiro, espalhando intrigas.

- Có có, có menina!! Você nem imagina o que a carijó aprontou hoje de madrugada!! - Dizia ela á outra virando a cabeça com ar de suspense.

- Có co có é mesmo? Olha, eu não gosto de fofoca, hein! – dizia a vermelha fingindo não querer saber, mas ansiosa insistia - conta anda, antes que ela se aproxime, vai.

- Có có có vou có contar, mas é segredo por favor não espalhe. Eu não quero que ela saiba que eu sei o que ela anda fazendo.

- Có có cóconta logo, está me deixando nervosa!!!

Então, Cristinha, com cacarejo misterioso, revelou:

- Có có có, ela aproveitou enquanto a pintada dormia e puxou o ovo que a outra havia cócólocado para debaixo de si!!

- Có có cruzes!!! Que perigosa!! È mesmo? – exclamou vermelha – Ah! Mas se ela fizer isso comigo dou-lhe umas boas bicadas naquela crista.

- Ela có có costuma fazer isso porque sabe que o granjeiro vai mandar passar a faca em quem não puser ovos – afirmou Cristinha.

Pronto, estava lançada a calúnia. Carijó não fazia isso, era boa poedeira, não precisava roubar ovos das outras. Vermelha, entretanto, achou melhor espalhar a noticia pelo galinheiro a “bico pequeno”. Afinal havia uma ladra entre elas, e outra poderia morrer no lugar dela.

A intriga se espalhou de bico em bico, mas nenhuma entre elas tinha coragem de tomar satisfações com Carijó, ela era grande, tinha um bico afiado e não recusava uma briga. As outras a temiam, inclusive a Vermelha, e justamente por isso, Cristinha havia jogado-lhe a culpa.

Muitas já haviam dado por falta de seus ovos, mas como às vezes, o granjeiro os recolhia ainda no escuro, não imaginavam que uma de suas amigas os estivessem roubando.

Pior ficou quando, ouviram no dia seguinte, o granjeiro confirmar

“que mandaria para corte quem não estivesse pondo”. O pânico foi geral e resolveram que não iam mais dormir até que surpreendessem a larapia Carijó com o “bico na botija”, então cairiam todas em cima dela.

A mãe natureza, entretanto, tem seus desígnios e determina que galinhas tem que dormir ao anoitecer, já que nada enxergam no escuro. Assim, não conseguiram ficar acordadas.

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Carijó, já havia percebido o que estava acontecendo, pois também já dera por falta de seu ovo, e diante dos segredinhos das outras, que fingia não ouvir. Decidiu dormir, mas acordar o mais cedo que pudesse, pois sabia que a culpada só poderia agir com o dia, no mínimo, quase amanhecendo.

E quando o galo, esposos de todas, cantou pela primeira vez, manteve-se com um dos olhos abertos e viu nos ninhos à sua frente, quando uma delas esticava o pescoço por baixo da Branquinha e puxava-lhe com o bico, bem devagar, o ovo que ela colocara à noite. Não conversou, saltou do poleiro, voou em cima da bandida, bicou-lhe o pescoço, puxando-a para o chão onde a manteve presa, Foi um tremendo cacarejar no galinheiro, todas acordaram e depararam com Carijó pisando o pescoço de CRISTINHA, pois era ELA a ladra, que acabou expulsa do galinheiro, fugiu correndo e só não foi para o matadouro, porque desapareceu no mato.

Por trás de uma simples fofoqueira, pode se esconder uma criatura má, que tenta ocultar os próprios erros, difamando e condenando as outras pelo mal que ela própria pratica, ou tem vontade de praticar.

(Este conto foi adaptado para uma peça infantil por duas amigas professoras do ensino fundamental, que o apresentaram em sua escola há alguns anos atrás e apesar da simplicidade da apresentação ficou muito engraçado)

(Registro número 299.511 - livro 544 - folha 171 do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional)

Jogon Santos
Enviado por Jogon Santos em 10/03/2014
Reeditado em 19/11/2020
Código do texto: T4723550
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