Maiquinho, Marcos, Wiliam e Luciane.
Quatro irmãos unidos por uma causa nobre: encontrar a bagunça perfeita.
Certa vez, os pais das crianças precisaram levar o menorzinho dos quatro, Wiliam, hoje com quase dois metros de altura, a uma consulta pediátrica de rotina.
Os outros três ficariam com o Tio Isael, enquanto os pais estivessem fora.
Tio Isael passou a mão pelo queijo e olhou seriamente para as crianças.
—Meninos, vou tomar um banho e vocês fiquem bem quietinhos.
As três inocentes crianças assentiram e o tio foi para o banho.
—Alguma ideia do que vamos fazer hoje? Marcos estava inquieto, pensando seriamente em morder alguma coisa, desde que não fosse comida.
—Sei lá – disse Luciane, a mais velha dos irmãos – que tal lermos um livro?
Maiquinho quase surtou. —Tá maluca? Uma oportunidade dessas e você quer ler?
Luciane fez uma careta. Queria muito poder ler sossegada, já que a mãe, muito preocupada, vivia contando suas lamúrias para Andrea, a vizinha e amiga da família, e esta tinha a difícil missão de fazer Luciane brincar na rua.
A mãe temia que a filha ficasse como o Epaminondas, seja lá quem fosse esse.
—Já sei o que vamos fazer!
Marcos e Luciane olharam para Maiquinho,
—Vamos fingir que tem um fantasma tomando banho!
Os dois toparam na hora, mas Marcos levou a brincadeira mais adiante.
Antes mesmo que Maiquinho e Luciane percebessem, o menino sapeca saiu para a rua e gritou:
 
—TEM UM FANTASMA TOMANDO BANHO NO MEU BANHEIRO!!!

Seu Nivaldo, outro vizinho dos garotos, logo apareceu para ajudar.
—Não se preocupe, menino. Vamos resolver isso.
Entrou junto com Marcos, enquanto era seguido por uma multidão de vizinhos.
A multidão era tanta que Luciane até comentou com Maiquinho se não seria melhor oferecer um lanchinho. Maiquinho deu uma risadinha, mas a graça acabou com mais gente que chegava.
Aturdidos, abriram caminho por entre a multidão até o banheiro e viram, estarrecidos, Seu Nivaldo abrir a porta do banheiro e dar de cara (e corpo) com o fantasma tomando banho, ou seja, o Tio Isael.
Daí em diante, foi um fuá. Os vizinhos queriam ver o fantasma, Seu Nivaldo queria esganar as crianças e o Tio Isael... Coitado do Tio Isael...
Marcos, choramingando, disse que não se lembrava que o Tio estava em casa. Pobrezinho do garoto, afinal, era apenas uma pequena criança, ouviu-se alguém dizer, provavelmente Irene, a vizinha protetora das crianças danadas.
Todos foram para suas casas, comentando o assunto, enquanto um e outro ainda reclamava de não ter visto o fantasma que o Seu Nivaldo havia despachado.
Tio Isael ficou uma fera. As crianças ouviram muitas e péssimas e quando os pais chegaram, levaram uma surra inesquecível.
Digna de uma bagunça perfeita.