OS RATINHOS

Por um buraquinho da parede, saiu uma ratinha, toda branca de fita cor de rosa no pescoço e uma fome danada no estômago, seu marido, um ratão cinza de bigode preto, saíra há mais de meia hora para trazer algum alimento e nada dele voltar, ela estava faminta, resolveu procurar por ele pela casa, de corridinha em corridinha, atravessou a pequena casa lilás avarandada e nada de encontrar, o seu ratão querido.

A casa estava deserta, seus moradores por certo haviam saído, então, ela se arriscou numa nova empreitada, foi vasculhar com mais calma as áreas da copa e da cozinha, então, encontrou o seu marido, ao lado de um
enorme queijo amarelo cheio de buracos e marcas de boquinha. Lá estava ele deitado de barriga para cima e que barriga! Estava estufada, mas, tão estufada de tanto queijo que ele comera, que ele nem conseguia se desvirar, ela ficou muito danada de suas ideias, ela lá, no seu buraquinho da parede morrendo de fome, esperando que ele lhe levasse o que comer,e ele lá, de pernas para o ar de pança cheia.

A ratinha
branca de fita rosa no pescoço, gritou com ele e com muita força, conseguiu desvirá-lo, o pobre ratão cinza de bigode preto, nem conseguia falar, estava com indigestão de tanto queijo que comera. A ratinha branca muito enfurecida, o xingou de porco e gordo, deixou ele para lá e foi comer um pouquinho, não aguentava mais de fome, comeu o que a satisfez, agarrou um bom pedaço de queijo com a boca, para levar para seu buraquinho e deixou o ratão estufado em cima da mesa da cozinha, dizendo de longe
-
Quero ver você, conseguir descer, seu guloso!

Correu para o seu buraquinho seguro, guardou num cantinho o tasco do queijo que levara, e esperou pelo seu marido, esperou, esperou, esperou e nada dele voltar, aí, ouviu um barulho de passos na entrada da casa, ficou desesperada, se o pegassem em cima da mesa da cozinha ela deixaria de ter um marido, poderia ser um gulosão, mas, era seu amado, correu o mais rápido que pode, para ajudá-lo a descer da mesa, e nem precisou ir tão longe, já vinha ele correndo arrastando a sua pança estufada, juntos entraram no buraquinho e suspiraram de alívio, ufa! essa fora por pouco.
Então, alimentados e calmos, a ratinha
branca de fita cor de rosa no pescoço e o ratão pançudo cinza de bigode preto, adormeceram felizes e abraçadinhos, em seu buraquinho chamado de lar.

 
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 27/08/2015
Reeditado em 27/08/2015
Código do texto: T5361369
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