A casinha de açúcar

A casinha de açúcar

Em um país do norte onde os ventos faziam a curva para voltar ao centro do planeta, morava uma lendária bruxa má. No alto da montanha cercada por uma floresta de árvores espinhosas, ficava a casa da malévola. Seu nome era feio como ela. Poucas pessoas a conheciam pessoalmente. Ela não saía durante o dia. A luz do sol. Corria o boato que cada dia que ela tomasse sol envelhecia cem anos, e ficaria cada dia mais horrenda.

Os moradores da vila que ficava abaixo da montanha, sempre cuidavam para não encontrá-la em seus caminhos. Os mais idosos a conheceram em sua juventude e negavam-se a falar sobre ela. Afastavam-se desconfiados e assustados.

Bebel era viúva e tinha um casal de filhos, Ana Sofia de quatro anos e Miguel Ângelo de seis anos. Bebel trabalhava na escola. Tomava conta da cozinha, preparando as refeições para as crianças e todos os funcionários. Certa vê, Bebel observou que as caixas de biscoito doce a serem servidas no lanche dos pequenos, estavam mofadas. Bebel colocou as caixas fora da cozinha para serem levadas para o lixo.

No dia seguinte ao entrar na escola viu uma bela escultura no jardim. Era uma pequena casinha brilhante, parecia feita de biscoito e coberta de açúcar. Lembrava um bolo confeitado com açúcar branco. Em volta da casinha ela observou várias flores vermelhas e amarelas que dançavam ao vento primaveril da manhã. Aproximou-se e levou um susto. Seu corpo recebeu uma grande descarga elétrica. Afastou-se instintivamente. As crianças ainda não tinham chegado. Precisava falar com alguém sobre o que estava acontecendo. Ana Sofia e Miguel Ângelo, aproximaram-se da mãe. Sorriam felizes ao ver a linda casinha. Bebel não os deixou chegar mais perto. Os alunos, professores e outros funcionários da escola começaram a chegar.

Todos paravam para ver a linda casinha, alguns levaram o mesmo susto que Bebel e recuaram.

As aulas começaram, e o dia transcorreu normal. Na hora dos intervalos as crianças foram orientadas a permanecer no pátio traseiro. Ao entardecer ansiosos para voltar ao lar, esqueceram da casinha no jardim.

Durante a noite que estava muito escura, alguns habitantes da vila viram muitas luzes coloridas saindo do alto da montanha como se fossem fogos de artifício. Alguns moradores saíram de suas casas, foram para as ruas observar aquela beleza tão surpreendente. Amanheceu e a vila retomou sua vida normal. O assunto da vila era a surpreendente queima de fogos no alto da montanha. Alguns resmungavam baixinho quase inaudíveis. Isso é coisa da bruxa. Calavam-se quando chegavam os mais jovens.

Na escola encontraram uma surpresa. A casinha estava mais linda do que antes, brilhando ao sol da manhã. Alguns passarinhos voavam ao redor da casinha. Cantavam emprestando aquela manhã um toque especial.

Bebel entrou na cozinha e teve uma grande surpresa. As panelas estavam arrumadinhas, a cozinha brilhava. Bebel percebeu que alguém tinha trabalhado ali a noite inteira. Ficou curiosa, mas logo tratou de começar seu serviço. Um pouco mais tarde um ruído muito estranho vindo do pátio da escola chamou a atenção de todos. A casinha estava coberta de pássaros de vários tamanhos e cores. Quando Bebel se aproximou da casinha, os pássaros bateram asas e se afastaram. Ela lembrou-se da misteriosa cerca elétrica e não se aproximou. Lá no alto da casinha preso em um arame fininho, Bebel viu um papel. Ela investiu, fez uma silenciosa oração e rompeu a cerca elétrica. Tocou na casinha e sentiu que ela não era feita de açúcar como pensara antes. A casinha era coberta por uma espécie de massa. Não resistiu e proveu. Era doce. Limpou o dedo, e começou a ler a cartinha. O rosto de Bebel transformou-se. Ao acabar de ler a cartinha ela dobrou o papel e colocou no bolso do avental.

Voltou à cozinha e preparou um maravilhoso almoço para todos. A sobremesa estava deliciosa parecia uma iguaria dos anjos

Durante mais seis noites a população da vila, observou o acontecimento da queima de fogos. Na manhã do oitavo dia, enquanto Bebel se aprontava e arrumava os filhos para ir à escola, ela sentiu no ar um delicioso perfume.

Saindo de casa que ficava bem perto da floresta ela viu a vegetação ao pé da montanha. Da noite para o dia toda a paisagem mudou. Não existia mais a floresta de árvores espinhosas. Uma bela floresta de eucaliptos encobria a paisagem. A casa da maldita bruxa havia se transformado em um belo castelo em ruínas.

No caminho para a escola as crianças comentavam felizes a maravilhosa transformação. Surpresa maior estava no pátio da escola. A casinha branca havia desaparecido e o pátio e jardim estavam como antes. No lugar que se colocava a bandeira estava uma espécie de faixa como a seguinte mensagem: Agradecemos a paciência de todos durante esses anos. A transformação foi completa. Nossa rainha há muitos anos, capturada por uma bruxa má que morava no alto da montanha, finalmente foi libertada. Construímos a casinha branca para comemorar sua liberdade. Ontem foi a última noite das celebrações. Assinado: As fadas.

Após a leitura, Bebel entrou e foi à cozinha iniciar seu trabalho. À noite ao chegar a casa, Bebel e as crianças levaram um susto. As luzes estavam acesas e um delicioso cheirinho de torta de maça vinha de sua cozinha. Bebel lembrou -se do esposo. Ele adorava torta de marca.

Surpresa! Na sala a mesa estava posta para quatro pessoas, tinha até flores numa jarra. Ela e as crianças não sabiam o que pensar quando o marido de Bebel entrou na sala sorrindo. Foi uma festa muito grande para aquela família. Entraram pela noite comemorando. Ele tinha sido aprisionado pela bruxa má, que por ele tinha se apaixonado. A bruxa após muitas maldades morreu toda enrugada, parecia uma múmia muito velha. O sol com seu amor paciente e sincero matou aos poucos sua crueldade, e a vila sorriu feliz para um novo tempo.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 24/12/2015
Código do texto: T5489856
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