PIAU E LARANJA FALANTE


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Piau era o seu nome, negrinho alegre e brincalhão, sempre pronto para uma nova travessura, era magro com pernas compridas e ágeis, de grandes olhos castanhos, tão claros como o mel de laranjeira, tinha uma vida solta, em meio às vacas e plantações de milho, feijão e abóbora, no sítio de seus pais. As outras crianças, filhos dos agricultores, que trabalhavam por empreitadas para seu pai, eram quase que da mesma idade que ele, em torno de seus oito anos, Piau era a alegria em pessoa, todos se divertiam com sua presença. De tanta peraltice, um dia Piau se viu dependurado em uma árvore, um pouquinho distante do sítio e não conseguia descer de lá, foi quando ouviu uma vozinha alaranjada dizendo, me chupe e você vai descer numa nuvem até o chão, Piau olhou para os lados, não tinha ninguém por perto, a voz repetiu e repetiu, até que Piau percebeu que era uma laranja da árvore, que falava com ele, viu sua boquinha pequena se movimentando e quase caiu de susto, uma laranja falante!
 
A laranja repetiu a mesma frase, Piau pensou que aquilo era estranho, mas, se preocupava com os pais, já estava demorando demais por ali e eles nem sabiam onde ele estava, melhor fazer o que a laranja falante lhe dizia. Meio atrapalhado pela posição em que se encontrava, pegou a laranja e com os dentes a mordeu sugando seu sumo com casca e tudo, então, uma pequena nuvem macia e branca, se formou a sua frente, acreditando que poderia nela subir, se lançou sobre ela e imediatamente, a nuvem o levou até ao chão, suavemente e desapareceu, não ouviu mais vozes, olhou no seu entorno e nada aconteceu de diferente, então, em franca desabalada, correu para casa, pois os pais já deveriam estar muito preocupados com ele.


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Chegou falando aos borbotões, mas, ninguém acreditava na história que ele contava, era mesmo surreal, acharam que era só mais uma desculpa para o atraso dele, com certeza mais uma de suas peraltices, mesmo assim, quando repetiu a história da laranja falante, Piau conseguiu tirar muitas risadas das outras crianças no sítio, e em sua memória  permaneceu o episódio insólito que aconteceu com ele, de lição, ele tirou que não deveria se afastar tanto assim do sítio, principalmente sozinho, pois fantasia de criança ou fato real, o que havia de verdade, era que se não fosse pela laranja falante, ele ainda estaria dependurado naquela árvore, com pessoas aflitas com seu sumiço, o que não era muito legal, foi um bom aprendizado.



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Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 2016
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Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/02/2016
Reeditado em 23/02/2016
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