VICO RUIVO E O MEDO

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Vico, no auge dos seus seis anos de idade, tinha medo até de água, vixê! Menino assustado, imaginem só, que um cachinho de seu cabelo ruivinho, encaracolado ao sabor do vento, se enroscou em sua orelhinha e ele começou a pular que nem doido, pensando que uma abelha havia sugado seu sangue, onde já se viu abelha vampira, só mesmo coisa da cabeça daquele ruivinho apavorado. Seus amiguinhos de escola, viviam pregando peças nele, pois sabiam que se assustava à toa. Os pais, a tia da escolinha, os avós e outras pessoas, conversavam tanto com ele, mas, era difícil alguma coisa de que ele não tivesse medo. Sua mãe Áurea certa vez, fez uma salada com rabanetes redondinhos vermelhos e inteiros, coisa essa que ele ainda não conhecia, Vico gritava que olhos de diabo estavam no seu prato, saiu correndo da mesa da cozinha para seu quarto e lá ficou até anoitecer, com fome e sede, e nada do que se falasse ou explicasse, o fez sair do seu refúgio, até que a mãe lhe mostrasse, que já tinham comido toda a salada e não havia mais nenhum rabanete na geladeira, era mesmo um desassossego aquele guri, como era medroso meu Deus!  


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Um dia seu pai na saída da missa de domingo, resolveu conversar com o padre, para saber se ele podia dar uns conselhos para o moleque ou até mesmo tentar descobrir o motivo de tanto apavoramento, o padre concordou e chamando Vico para um refresco na cantina da igreja, foi tentando descobrir. Mais tarde o padre ligou para o pai de Vico, o seu Tomás e relatou que, o que Vico tinha era uma enorme imaginação, deixara com o menino folhas de papel em branco, alguns livrinhos infantis, tipo contos de fadas e pediu que ele desenhasse tudo o que lhe viesse à cabeça e depois entregasse para ele, quem sabe pelos desenhos, ele poderia descobrir o que assustava tanto o ruivinho.


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Passada a semana e chegado outro domingo de missa, Vico entregou os desenhos para o padre, que se pôs a observá-los com carinho, eram rabiscos de criança bem interessantes, até que o menino, apesar da pouca idade tinha uma queda para ser um desenhista. O que havia de comum nos vários desenhos, era a presença sempre ao fundo, de um formigueiro com muitas formigas seguindo uma criança ruiva, embora os desenhos fossem de carrinhos, bolas de futebol, sempre estava presente o tal formigueiro com as formigas seguindo um menino ruivo, o padre então elogiou os desenhos e foi conversar com Tomás pra saber, se o filho quando menor teve algum problema com formigas de que ele se lembrasse, talvez estivesse ali a causa do medo tamanho.

O pai se lembrou que quando ele ainda engatinhava, num passeio pelo sítio do avô Carmelo, algumas formigas o atacaram e ele ficou apavorado e dolorido com as picadas, mas, já se passara tanto tempo, não podia imaginar que Vico ainda se lembrasse disse e o pior que tivesse se tornado um trauma para ele, Tomás perguntou ao padre o que fazer, e o padre respondeu que era para ocupá-lo e dar asas à imaginação dele, bem como, fazê-lo entender a vida das formigas, quem sabe até criar algumas formigas num vidro grande e deixá-lo com a responsabilidade de cuidar delas, veria que da criatividade do pequeno ruivinho irião surgir reis e rainhas formigas e histórias pra contar. Assim resolvido, foi feito e semanas depois, Vico era outra pessoa, já havia dado nome as suas novas amigas formigas, imaginara castelo e outras coisas, que só a imaginação e a inocência de uma criança, poderia criar, estava muito mais solto e já não se assustava por pouca coisa, e assim termina essa história com final feliz, para um ruivinho muito engraçado.

 

Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2016.
Imagens - fonte - google

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 25/02/2016
Reeditado em 25/02/2016
Código do texto: T5555058
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