Durante a Primavera, nasceu uma linda Borboleta colorida
Quando ficou com as lindas asas secas e com as antenas bem focadas, voou em direcção ao céu.
De cima, olhou a toda a volta: eram montanhas, vales e rios, planícies cobertas de flores… encantada, a borboleta desceu devagarinho, vendo mais de perto a beleza de quanto a rodeava.
Sentiu fome pela primeira vez.
O Instinto disse-lhe baixinho
- Vai em busca de uma flor vermelha, mete a tua tromba entre os estames e sentirás um líquido muito doce revigorar-te.
A Borboleta agradeceu à vozinha e fez como ela lhe ensinara.
Poisou delicadamente no tenro caule de uma Papoila de seda e perguntou:
- Olá! Tenho muita fome, poderás alimentar-me?
A papoila, que estava à espera de quem trocasse o seu pólen com o de outra flor, abriu ainda mais as suas lindas pétalas e convidou:
- Claro que sim, Borboleta! Senta-te confortavelmente nas minhas pétalas e sorve o néctar que te dou até ficares com a barriguinha cheia! És novinha, precisas alimentar-te muito bem!
A borboleta seguiu as instruções. Aprendia depressa porque era inteligente e, sobretudo, porque escutava sempre o seu Instinto.
Bebeu, bebeu, até ficar cheia, na verdade tanto bebera que ficou bêbeda!
- Tenho tanto sono, amiga Papoila!
- A Papoila foi fechando as pétalas de seda vermelha e sussurrou:
- Deita-te e descansa, vou cobrir-te com colchas de seda para que os teus inimigos não te vejam.
Assim fez a Borboleta, caindo num sono reparador, tão bom!
O dia deu lugar à noite. Escondeu-se o sol e apareceram as estrelas no céu. Também a lua surgiu, envolta numa poalha doirada, tão linda como se fosse abrilhantar uma festa.
Na noite nem todos dormem.
Há animais e plantas que aprenderam a usar a escuridão e o luar para tratarem das suas vidinhas: vão à caça, preparam o jantar, brincam com os amigos… Acontece uma vida paralela à que acontece de dia.

A pouco e pouco as estrelas piscaram os olhos, a lua rodou no céu, disse ao Sol que se erguia no horizonte:
- Bom dia, querido Sol!
O sol sorriu.
- Dorme bem, querida Lua!
O céu foi mudando de cor:
Primeiro foi cor-de-rosa, depois dourado, a seguir azul…Era tão brilhante que a Borboleta estendeu as patinhas e piscou os olhinhos, que depois abriu:
A seda da Papoila estava húmida, muito suave, para que a jovem Borboleta não tivesse dificuldade alguma em se levantar.
O seu trabalho estava feito. Procurou outra papoila bem vermelha e foi ter com ela:
- Bom dia, linda Papoila! Tenho fome, deixas-me tomar o pequeno-almoço?
- Claro que sim!
Respondeu a Papoila muito contente.
- Estava à tua espera.
A Borboleta sentou-se na linda toalha vermelha, que eram as pétalas da Papoila e sugou o néctar docinho.
Nem reparou que estava coberta de pólen e que o deixava nesta jovem papoila, levando consigo outro pólen em troca.
Mas então as Borboletas pagam as refeições?!
Sim! Tudo se troca: Os insectos bebem néctar mas mudam o pólen entre as flores, para que elas se transformem em frutos, que darão sementes e estas serão espalhadas pelo vento, fazendo renascer os pomares e os prados.