O NATAL SURPRESA DE PEDRINHO

Era um final de tarde fria, com ventos amenos, o sol já se preparava para se pôr e, a neblina deixava o cenário reflexivo e bastante aconchegante. Odete, uma senhora distinta, de aproximadamente sessenta e oito anos de idade, estava atrasada para ir às compras, pois era véspera de Natal e ainda, faltava comprar os presentes dos seus dois netinhos. A carismática senhora morava em um bairro sofisticado, de classe alta, próximo ao centro da cidade, apesar da sua idade ela dirigia com perfeição, muito bem-vestida apanhou, na escrivaninha, a chave do carro e saiu quase voando, em destino ao Shopping.

Já no subúrbio, afastado da cidade, o simpático Pedrinho, um garoto de oito anos de idade, que ainda acreditava em Papai Noel, morava com seus pais em um bairro humilde, de classe pobre. O menino, no dia anterior, havia deixado sua cartinha de Natal dentro da meia que usava para ir à escola e tinha pendurado a mesma na janela do único quarto da sua simples casa, ele permanecia pensativo, bastante preocupado, pois seu pai estava desempregado e ele achava que o Natal desse ano seria tristonho, ele ficou sentadinho em uma pedra na frente de casa, com seu olhar perdido na imensidão do tempo. Logo, seu pai se aproximou dele e puxou conversa:

- Pedrinho, meu filho, você já fez a sua cartinha de Natal?

- Sim papai, eu queria ganhar uma bicicleta, mas achei melhor pedir um Panetone de Chocolate para comermos nesse Natal, pois o senhor sabe como mamãe gosta desse alimento tradicional da época de Natal.

- Pois é meu filho, foi um pedido nobre, bastante saboroso e nutritivo. Vamos dar um passeio pelos arredores? Perguntou-lhe seu pai.

- Vamos sim papai, gosto de passear contigo!

Já no passeio com o seu pai, eles viram muitas ruas iluminadas e enfeitadas de bolas vermelhas, azuis, amarelas e verdes; para Pedrinho aqueles enfeites eram símbolos natalinos, como também a presença do Natal no coração das pessoas. As ruas visitadas por eles eram bem modestas, onde as pessoas viviam com simplicidade, mas são nessas pessoas simples que o espírito natalino se apresenta com maior intensidade, pois elas não vivem em ostentação e luxo, não valorizam coisas ilusórias. Pedrinho olha firme para o pai e perguntou-lhe:

- Papai, o que é o Natal?

- Pedrinho, o Natal para nós é a presença do Amor de Deus em nossos corações, a Fraternidade, a União entre as pessoas, o doar-se, estender a mão amiga e ajudar um irmão.

Os dois foram caminhando de mãos dadas, quando começou a cair uma garoa fina, refrescando assim, os rostos suados de pai e filho, que mudaram de roteiro, apressaram os passos e seguiram pela estrada escura, provocada pela cerração. Logo, que eles viraram a primeira curva avistaram um carro parado com o pisca-alerta ligado e com um triângulo atrás do mesmo eram os sinais de que o carro apresentava algum tipo de defeito, eles passaram perto daquele carro e viram uma senhora chorando muito, ela estava falando com alguém pelo celular, parecia desesperada. Logo, Pedrinho olhou para o pai e disse-lhe:

- Papai, a senhora daquele carro está chorando muito. Por favor, vamos ajudá-la?!

- Vamos sim, meu filho! Respondeu-lhe o pai.

Eles se aproximaram bem devagar da porta do carro, para não assustar à senhora, e o pai de Pedrinho perguntou-lhe.

- Senhora, boa noite! Nós podemos ajudá-la? Aqui é muito perigoso, pois é uma curva!

- Boa noite, para vocês! Eu estou aqui desesperada e sozinha, o meu carro achou de quebrar justamente nessa curva e está saindo um pouco de fumaça. Estou morrendo de medo. Estou tentando falar com a minha filha, mas o celular está sem sinal. Meu nome é Odete, eu estava indo ao Shopping comprar presentes para os meus netinhos. Explicou-lhe a distinta senhora.

- Senhora, eu não sou mecânico, sou um jardineiro, mas às vezes resfriando o carro, colocando água no radiador, ele pode voltar a funcionar. Vou buscar um pouco d’água; deixarei o meu filho aqui para fazer-lhe companhia, como moramos nessa comunidade há muito tempo, todos conhecem o meu Pedrinho. Disse-lhe o pai do garoto.

Enquanto, o pai foi buscar água o jovem Pedrinho ficou conversando com Dona Odete, para aliviar a tensão daquela senhora. Ele perguntou-lhe:

- A senhora gosta do Natal? Eu gosto muito e já fiz minha cartinha para o Papai Noel! Sabe Dona Odete, eu pedi para ele um Panetone de Chocolate.

- Pedrinho, você é um garotinho muito esperto e de coração nobre. Esse é o verdadeiro espírito natalino. Diga-me o que você gostaria de ganhar, de verdade, de Papai Noel?

- Senhora, eu queria ganhar uma bicicleta, mas Papai Noel pode não ter dinheiro para comprar, então, resolvi pedir um Panetone de Chocolate, pois minha mãe gosta muito e meu pai encontra-se desempregado no momento e não pode comprar para ela. Respondeu-lhe Pedrinho, com os seus olhinhos cheios de lágrimas.

Repentinamente, o pai do garotinho aproximou-se deles e foi logo colocando água no radiador e assim, o carro voltou a funcionar normalmente. A elegante senhora agradeceu-lhe:

- Senhor, muito obrigada! Aqui está o meu cartão, com meu telefone e endereço, eu estou precisando, urgentemente, de um jardineiro. O senhor gostaria de ser o meu jardineiro? Qual o seu nome?

- Claro que sim, nobre senhora! O meu nome é Januário Borges, ao seu dispor! Estou muito feliz, pois estou desempregado e precisando muito trabalhar. Respondeu-lhe o Senhor Januário.

- Que bom senhor Januário! Eu posso falar a sós com o senhor? Dona Odete perguntou-lhe e puxou uma nota de Cem Reais da carteira e deu para o pai do garoto.

- Por favor, não precisa senhora! Pois, é Natal, momento de ajudar o próximo! Disse-lhe o menino.

- Claro que não, Dona Odete! Foi um grande prazer ajudar à senhora. Respondeu-lhe o pai de Pedrinho.

Dona Odete guardou o dinheiro e se afastou um pouco para falar a sós com o senhor Januário. Logo depois, ela se aproximou do garoto beijou-lhe a face e saiu em seguida, o garoto retribuiu-lhe com um grande sorriso. Os dois voltaram para casa realizados.

Já em casa Pedrinho pediu à mãe que quando Papai Noel deixasse o presente dele, que ela o acordasse, logo depois, muito cansado o menino adormeceu no chão da sala. Pedrinho desperta com sua mãe o chamando:

- Pedrinho acorde, por favor! Venha até aqui!

O garoto foi até a pequena sala e não acreditou no que estava vendo: a sala estava toda enfeitada, tinha uma linda Árvore de Natal armada e muitos presentes embaixo dela, uma belíssima mesa decorada, com uma verdadeira ceia natalina, o garotinho começou a chorar e logo depois, dois toques breves na porta e, sua mãe o mandou olhar quem era. Pedrinho ficou encantado com a surpresa de Natal, era o Papai Noel, que foi logo falando:

- Sou Papai Noel, ho, ho, ho! Este Panetone de Chocolate é para sua mãe e essa bicicleta é para você! Ho, ho, ho Feliz Natal!

Pedrinho agradeceu ao Papai Noel, que abraçou o garoto e saiu em seguida. E assim, foi o Natal Surpresa de Pedrinho...

Os tempos passaram e Pedrinho cresceu com o espírito natalino no coração... Seu pai ficou trabalhando na casa de Dona Odete, que era para eles um anjo de candura. A família permaneceu unida e feliz.

Elisabete Leite – 28/11/2018

(O primeiro Conto da série de Natal)

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 02/12/2018
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