UM NATAL DIFERENTE

Maria Clara era uma garotinha meiga e bastante disciplinada, tinha cabelos louros, pele clara e olhos brilhantes; aos seus cinco anos de idade tinha sonhos como qualquer outra criança, porém, atualmente vivia de maneira limitada, pois morava praticamente dentro de um hospital. A criança era portadora de um tipo de tumor do sistema nervoso central, localizado no cérebro, que fora descoberto há seis meses atrás e, de lá para cá, os médicos lutavam pela saúde da menina e tentavam minimizar os sintomas ocasionados pela terrível doença: vômitos, dores de cabeça, tonturas e problemas de equilíbrio que a pequena Maria Clara tinha constantemente...

Era época de Natal e o hospital se encontrava todo decorado, com enfeites coloridos e bolas de diferentes tonalidades, o dourado predomina em todo ambiente. A Instituição Hospitalar era especializada nos diferentes tipos de câncer infantil e o que não faltava era criança circulando, de um canto a outro, pelos longos corredores sombrios daquele prédio. As crianças apresentavam aparências tristonhas e nem prestavam muita atenção aos vários símbolos natalinos espalhados por lá, pois elas precisavam de Amor, dedicação e carinho dos médicos, médicas, enfermeiras, enfermeiros e demais funcionários, que se desdobravam para proteger os frágeis pequeninos. Dr. Henrique, neurologista da linda Maria Clara, que era conhecida carinhosamente por Clarinha, entrou rápido na Enfermaria onde a garotinha estava localizada, para falar com a mãe da menina e disse-lhe:

- Dona Rosa, eu posso falar contigo, por favor?!

- Dr. Henrique, boa tarde! Podemos falar agora!

Eles se afastaram um pouco, para não acordar Clarinha, que estava muito abatida e tinha dificuldade para respirar. O médico da garotinha continuou falando:

- A senhora sabe da situação da sua filhinha. O resultado do primeiro exame não deixou claro se o tumor de menina Clarinha é maligno ou benigno, precisamos realizar um procedimento cirúrgico, ainda essa semana, para termos convicção do tratamento adequado. Assim, precisamos da sua autorização.

- Dr. Henrique já é quase Natal, mas se realmente for necessário, eu como mãe, autorizo à cirurgia de minha filha.

Dona Rosa falou e voltou para junto da sua filha... Já era noite quando a menina despertou e observou que sua mãe estava bem perto dela e chorando muito. Assim, perguntou-lhe:

- Mamãe, por que a senhora está chorando?

- Por nada, minha filha, eu estava pensando no Natal que já está tão próximo e vamos comemorar aqui no hospital. Minha queridinha, o que você desejaria ganhar nesse Natal? Respondeu-lhe Dona Rosa.

- Não quero presente, mamãe! Eu quero ficar curada, para poder voltar para nossa casa e crescer feliz em sua companhia. Disse-lhe Clarinha, com o semblante tristonho.

- Minha filhinha, vamos passear um pouco? Perguntou-lhe sua mãe.

- Vamos sim, mamãe querida!

As duas saíram da enfermaria e foram passear pelo pátio do Hospital Jesus Redentor. Elas, já cansadas, permaneceram sentadas na entrada da ala da enfermaria. Clarinha olhou para as estrelas que brilhavam no céu, elas formavam um véu cintilante e, de repente, Clarinha viu uma estrela diferente, que reluzia com intensidade, a estrela foi se aproximando e ficou quase transparente e tinha uma longa cauda, parecia até uma estrela cadente. Logo, a menina fez um pedido: “Ela pediu para ficar curada daquela terrível doença, para poder aproveitar o Natal com alegria.” Ela foi despertada daquele momento de recolhimento e Fé, pela voz suave da sua mãe que lhe dizia:

- Clarinha, minha filha, vamos entrar que já está esfriando!

- Sim mamãe, podemos entrar agora! Estou começando a sentir muito frio e um pouco de tontura. Sabe, minha cabeça está doendo. Disse-lhe Carinha.

Elas voltaram para à Enfermaria de mãos dadas, coladinhas pelo Amor, carinho e dedicação entre as duas... Dois dias depois foi realizado o procedimento cirúrgico e retirada do tumor para análise. Agora, somente restava muita Fé em Deus e esperança no futuro, para que o resultado do exame fosse satisfatório e que, o pedido de Clarinha à estrela brilhante fosse concretizado.

O amanhecer despertou radiante, um lindo arco-íris resplandecia no horizonte com sua aquarela de cores brilhantes e o sol parecia sorrir, pois motivo não faltava, era véspera de Natal e o hospital se preparava para as festividades natalinas da criançada. Pois, logo mais à noitinha um grupo de estudantes universitários, a patrulha do sorriso, viriam praticar uma grande missão naquela conceituada Instituição. Eles iriam fazer as crianças sorrirem, substituindo assim, as tristezas pelas alegrias... A noite caiu rapidamente e, exatamente à 18h30 (dezoito horas e trinta minutos) as portas do mundo da fantasia se abriram e a magia do Natal contaminou a todos, o espírito natalino contagiou cada coração com suas cores e luzes brilhantes e o Amor brotou. À maioria dos participantes da festa estavam vestidos de Papai Noel, uma linda jovem, Maria, carregava nos braços um recém-nascido, que simbolizava o Menino Jesus e ao lado dela estava o Carpinteiro José. Eles circularam por todos os corredores e cômodos daquele hospital, levando sorrisos e distribuindo presentes. Os rostos tristes daqueles pequeninos voltaram a sorrir. De repente, eles entraram na Enfermaria onde Clarinha estava e foram beijos, abraços e sorrisos que confortaram à garotinha que suspirava de felicidade. O Carpinteiro José entregou à Clarinha uma boneca e um envelope dourado, os olhinhos da menina se encheram de lágrimas, de muita emoção. Logo, sua mãe pegou o envelope e leu o resultado da Biópsia que confirmava que o tumor cerebral da filha era benigno. Mãe e filha se abraçaram, a felicidade era tanta que elas não paravam de sorrir e de chorar ao mesmo tempo. Clarinha segurou levemente a mãozinha do Menino Jesus e disse-lhe: - Um Feliz Natal!

Assim, foi o Natal diferente de Clarinha...

Os tempos passaram e a linda Clarinha cresceu forte e saudável.

Elisabete Leite – 15/12/2018

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Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 14/12/2018
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