Dois Irmãos
Disse Deus: Que haja o mar com toda sua gloriosa imensidão azul e que haja também o rio com aura poética e acalentadora.
Assim nasceram dois irmãos. O mais velho era mais amado entre as pessoas. Multidões se formavam ao seu redor e costumeiramente ele produzia alegria. Em seus dias de calma, ele conseguia com que o seu som ao se encontrar com sua amada de cor amarelada, transformar pranto em gozo. No entanto, quando a fúria o tomava conta, sua força destruía tudo o que seus olhos contemplavam. E o seu som, outrora calmo, trazia dor e choro.
Já o outro irmão, era completamente diferente. Ele quase não deixava a ira vencer. Mais introvertido e pacífico. Sua paciência o tornavam único. O Rio preferia estar perto das árvores e plantas. Para o Rio, o Mar era muito barulhento. Se o Mar produzia alegria e choro, o Rio produzia paz.
Ambos irmãos nunca se deram bem. Aos poucos, a ideia de ser superior ao outro reino entre os dois. As brigas aumentaram, a ponto de seu Pai ter de separá-los. Eram diferentes em tudo. A maioria dos seres humanos e não humanos, parecem não conviver com as diferenças.
A diferença distanciou os irmãos e eles nunca mais se viram. Não foi a primeira vez que diferenças criam muros de separação, infelizmente não a última. Com o decorrer dos anos, ambos viveram e aproveitaram. Esquecendo da existência do outro, ou pelo menos tentaram. O Rio fazia poesia com sua suave brisa e o Mar fazia música com suas ondas.
Porém, houve um dia diferente nesse planeta. Depois de milênios de anos, séculos de discussões e inúmeras desavenças. O primogênito lembrou-se de seus tempos de criança, quando admirava a calma do seu irmão. E ao recordar, se juntou com criação do Pai e choraram. Foi quando o Mar tomou uma atitude nobre e com toda sua força e amor, quebrou uma grande montanha de areia que os separavam.
Os irmãos ao se verem não precisavam dizer nada. As lágrimas talvez fossem um grande e belo pedido de desculpas. E quando se abraçaram um novo ecossistema surgiu, uma nova maravilha da natureza e ela tinha uma cor esverdeada, pois esta é a cor que rompeu as diferenças. É a cor da nova aliança entre o Mar e o Rio.