Um conto de família

Numa sigela e bonita casa de madeira no bucólico bairro de San José, uma bela mãe e seus três vistosos filhos: sendo um menino, e duas meninas; tomavam o desjejum pela manhã de um sábado ensolarado. Enquanto o pai à sala com seu jornal, mais cochilando do que lendo as manchetes estampadas nas folhas às suas mãos.

A mãe e os pequenos conversam sobre diversos assuntos, num dado momento as palavras diregiram para casorios, assunto já tornando-se primordial para as duas meninas.

"A vovó disse, que são as mulheres que escolhem o marido, e não o contrário." disse uma das meninas.

"Sim, está certo; Hortência!" respondeu a mãe.

"Por que mamãe?" perguntou Hortência.

"Porque, a moça precisa saber, se o rapaz será um bom protetor à família, e se tem atributos necessários para ser um bom pai." respondeu a mãe

"E os homens, não opinam?" disse Cássio, o menino, um pouco desconfortável.

"Sim, querido." disse a mãe. "Mas os homens vêm mais a aparência e a postura das moças; já as garotas vêm como será a vida que construirá com tal rapaz, por isso as decisões nesses assuntos acabam naturalmente as moças."

"Então a senhora que escolheu o papai, mamãe?" Perguntou Cássio.

"Sim!"

"Por que o papai, mamãe?" pergunto Rosalinda, a primogênita.

"Porque ele é o maior cabra macho que já conheci, e sempre defendeu-me de terríveis bichos que assolavam minha casa."

As três crianças entreolham-se surpresas.

"Como foi isso, mamãe?" Perguntou o menino.

"É mamãe, como?" disse também Rosalinda.

Hortência nada disse, mas estava também sôfrega em ouvir.

"Bem..." começou explicar a mãe. "Eu era ainda moçinha, e ainda vivia com meus pais, num casebre na roça, tínhamos naqueles tempos, poucos recursos para ter um lugar mais seguro para morar, e éramos atormentados por bichos asquerosos e nojentos, que apareciam sabe se lá donde para nos atacar."

"Ooooh" disseram as crianças.

"Sim. Papai, o avô de vocês,

ficava durante os dias na plantação, colhendo e ou plantando milho, e em casa ficava, somente minha mãe e eu, por isso nem sempre papai estava presente para nos acolher, e ficamos assim sozinhas no avanço desses bichos."

"Nossa, como era esses bichos mamãe?" perguntou Hortência atônita.

"É mamãe, fala?" Perguntou Cássio, quase não se contendo.

"Eram terríveis." respondeu a mãe. "Alguns surgiam do nada atrás de móveis e objetos, outras andavam pela paredes."

"Oooooh" novamente as crianças.

"Outras ainda atacavam-nos voando à nossas cabeças!" disse a mãe.

"Ooohhh, meu Deus!" disse Rosalinda assustada.

"Puxa, minha nossa!" disse Hortência, agarrando-se à irmã.

"Sim." contínuo a mãe. "Num certo dia, com papai à plantação, mamãe e eu estávamos encurraladas no quarto, cercadas por todos os lados pelas pestes macabras, e só um homem teve a coragem, a bravura, e a valentia para socorrer-nos."

"Quem, mamãe?" Perguntou o menino.

"Ora quem, seu pai!" respondeu a mãe.

"Oooohhh" disseram as crianças.

"Sim." disse a mãe. "Ele era na época só um menino, mas já um cabra-macho dos machos, e salvou a mim e minha mãe. Ele entrou na casa saltando pela janela, já que as portas estavam trancadas, com sua espada à mão, e com a qual matou várias daqueles animais horríveis, e varrendo-os para fora."

"Nossa que legal, mamãe!" exclamou o menino.

"O papai é um herói, um verdadeiro cavaleiro!" disse Hortência, orgulhosa da bravura do pai.

Terminando o café, as três crianças, foram ao pai na sala, peguntando-lhe sofregamente. Este meio dormindo despertou de supetão.

"Ah... Que qui ahh?" Perguntou o pai acordando duma vez; e viu seus filhos encarando-o: o menino vendo-o como um grande guerreiro, e as meninas como um cavaleiro dos contos de fadas.

"O senhor salvou a vovó e a mamãe, dos bichos que as atacaram na casa, papai?" Perguntou-lhe Hortência.

"É, foi. E matou-os todos com sua espada?" disse Cássio.

O pai coçando a cabeça disse-lhes.

"Ah... a mamãe contou-lhes este fato, não?"

"Sim." responderam os pequenos

"Bom, é meio que verdade sim!" disse o pai bocejando.

"Ooohhh! Exclamaram as crianças. Como era os bichos, papai?"

"Eram baratas." respondeu o pai.

"Nossa!" Disseram os pequenos surpresos. Mas e sua espada, papai; mamãe disse que o senhor foi lá com uma espada?"

"Ah... Sim." respondeu o pai. "Era uma espada sim, a de são Jorge, tinha um bucado delas no quintal; quando ouvi os gritos delas passei a mão numa, e corri para socorrê-las.

Mesmo sabendo qual era a espécie do bicho, os pequenos não perderam o entusiasmo e admiração. E momentos após, quando dirigiram-se ao quintal para brincarem, diziam entre eles, maravilhas sobre ambos os genitores.

"Viram só, a valentia cavaleresca de papai e a feminilidade damesca de mamãe?" perguntou Rosalinda, visivelmente entusiasmada.

"Sim, papai é um herói, e mamãe uma verdadeira dama!" Disse o menino orgulhoso.

"É sim!!!" exclamou Hortência. "Sabe, quando eu crescer, serei uma dama como a mamãe, e vou querer um marido igual ao papai!!!"