A FEIRA DO TROCA TROCA
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
 


     Alice tem sete anos e muito sofreu com a pandemia.
     Ela me dizia:
     - Vovó não aguento mais esse "corona" (o vírus).
     - Já não posso mais sair ou visitar minhas amigas, elas também não podem vir aqui.
     - O que mais eu sinto falta é de ir comprar meus livros.

     Desde os cinco anos, Alice tem um cartão só dela para comprar seus livros de histórias.
     As livrarias ficavam felizes quando aquela menininha chegava.
     Muito falante ia logo pedindo vários livros e sentava-se em uma mesa para apreciar e escolher o que mais lhe despertava a atenção.

     A maior alegria da criança foi voltar para a escola, ainda que sua turma não tenha sido reunida em cem por cento.
     Escola particular pequena, onde atendiam vinte a trinta crianças por turma em diferentes séries e idades, foram obrigados a dividir as turmas em tres grupos, com aulas intercaladas, entre presenciais e virtuais.

Um dia Alice falou para a professora de português:

- Tia, eu posso fazer uma feira de troca troca ?
Curiosa, a professora perguntou:
- E o que vão trocar? As frutas da merenda?

- Não! Apressou-se Alice.
- Vamos trocar livros de histórias de crianças.

A professora quis saber detalhes daquela ideia e o motivo também.

- É simples, disse Alice.
- No recreio, colocamos uma mesa no pátio onde ficarão os livros.
- Cada criança leva um livro e deixa outro.
- Vou falar pra elas que não podem riscar ou colorir, nem estragar.

A professora indaga:
- E qual o motivo de sua ideia?

- É simples! Eu descobri que nem todos os meus amigos hoje têm dinheiro para comprar livros porque os pais não tem mais emprego depois  do "corona".

E como vamos fazer isso? Indaga a professora.
- É fácil! Cada um traz duas histórias e leva uma para ler a cada dia.
- Aí na outra semana, trazemos duas novas histórias.

- A minha vovó me deu vários blocos para desenhar. Então em um deles vamos anotar o nome da criança, o dia e o livro que ela levou.
- Aí tia, você tem que explicar que elas precisam devolver os livros, senão a feira não vai dar certo.


     O que colhemos como lição desta ideia da Alice, foi que encantados com os livros as outras crianças rapidamente começaram a querer aprender a ler, pois tinham muitas histórias.

E aquelas que ainda não sabem ler tão bem, podem ouvir uma história por dia, contadas pela idealizadora da feira – Alice.

 
  • * A imagem é de arquivo pessoal.
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 15/10/2021
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