Canto de Anjo.

E no meio da tarde uma mulher vagava entre o chão e o coração pisado. A cada passo a dor rangia. Dor antiga é como carro de boi: range ao se movimentar. Eu ouvi o ruído e prestei atenção àquela mulher que passava como se não estivesse ali. De repente ela se surpreendeu com algo e mudou a expressão facial. Os olhos brilharam. Não era mais ela que emitia som. Agora parecia ouvir algo. Sentou no banco do shopping e abriu um sorriso. Durou alguns instantes o enlevamento. A que se levantou parecia outra mulher. Olhou para mim e percebeu que eu estava prestando atenção a ela. Meio tímida, mas intuindo que eu iria entendê-la falou baixinho: " um anjo cantou no meu ouvido". Ainda rindo continuou seu caminho e também me fez sorrir. Eu ainda acredito em anjos.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 14/09/2008
Código do texto: T1177556
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