ERRO DE MORTE
ERRO DE MORTE
A carrinha parou na faixa descendente; os gatos pingados saíram, abriram a porta traseira e retiraram a urna.
As portas do prédio em frente abriram-se de par em par e os gatos pingados entraram e subiram com o esquife.
Não há notícia de quem tenha morrido cá na rua, mas a urna entrou sem destinatário conhecido.
Talvez a Foice tenha entrado de noite? Talvez.!
O certo é que a central da morte foi avisada, e a ambulância preta acudiu e permaneceu estacionada de boca aberta pronta a receber o morto com flores e palmas.
Breves minutos decorridos os cobradores de fraque da última factura desceram frustrados e de caixão vazio.
Que pena! Que desconsolo! Não morreu ninguém. E agora? Quem paga a factura?
Nunca tinha visto a morte falhar, já de cova aberta e transporte pago com crédito eterno.
Livrai-nos Senhor dos erros da morte, que pregam tais sustos, que podem matar!