ERRO DE MORTE

ERRO DE MORTE

A carrinha parou na faixa descendente; os gatos pingados saíram, abriram a porta traseira e retiraram a urna.

As portas do prédio em frente abriram-se de par em par e os gatos pingados entraram e subiram com o esquife.

Não há notícia de quem tenha morrido cá na rua, mas a urna entrou sem destinatário conhecido.

Talvez a Foice tenha entrado de noite? Talvez.!

O certo é que a central da morte foi avisada, e a ambulância preta acudiu e permaneceu estacionada de boca aberta pronta a receber o morto com flores e palmas.

Breves minutos decorridos os cobradores de fraque da última factura desceram frustrados e de caixão vazio.

Que pena! Que desconsolo! Não morreu ninguém. E agora? Quem paga a factura?

Nunca tinha visto a morte falhar, já de cova aberta e transporte pago com crédito eterno.

Livrai-nos Senhor dos erros da morte, que pregam tais sustos, que podem matar!

Arbogue
Enviado por Arbogue em 05/10/2008
Código do texto: T1213048
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