Viver melhor
Silencioso. Sozinho. Mala na mão.
Entrou. Pediu o melhor quarto.
'Meio estranho chegar agora', pensou o recepcionista, que, por conta do dever, estava ali porque era seu emprego e naquele final de ano havia sido 'sorteado' para a escala. Mas tudo bem. Preencheu a ficha do hóspede, chamou o 'boy' para acompanhar até o 4º andar, o homem bem vestido, aparência digna. Era 'tradutor juramentado', escrevera no formulário.
Os foguetes da meia-noite começaram a espoucar.
Novo Ano! Vida nova! Alegrias! Abraços, beijos, promessas!
Um mundo diferente de todos os anteriores.
...as ilusões são parte integrante do ser humano! ! !
Olhos bem abertos, o recepecionista ouve o que lhe dizem do outro lado do telefone:
- ...4º andar! Eu vi! Daqui do meu apartamento vi bem. Tomei alguma providência.
'Qual o segredo daquele homem? Por que justamente naquela noite? Ali, naquela hora ?'
Os socorros chegaram. Interrogatórios foram feitos.
O recepcionista ficou a conversar com suas próprias perguntas... sem respostas.
'Há quem escolhe 'viver' melhor fora daqui...'
E a festa da vida seguia para tantos outros.