QUEM ULTRAPASSARÁ O ANO TRÊS MIL!...

QUEM ULTRAPASSARÁ ANO TRÊS MIL!...

A vovó Apoliana faleceu após os cem e foi do tempo em que as onças andavam aos bandos pelas matas brasileiras. As crianças em vez de chupeta, chupavam o dedo; em vez de mamadeira, alimentavam-se de tutano das canelas das vacas; as matas eram cheias de árvores; as águas corriam livremente pelos córregos; as cobras enrolavam-se nos galhos e a Natureza fazia cumprir os seus ditames. Naquele tempo já se falava no fim da humanidade. O homem não sabia ler; a comunicacão era feita exclusivamente, pela palavra ou mímica, mas, suas previsões meteorológicas pareciam fatais e infalíveis, não registrando falhas.

O sete-estrelas, as fases da lua, as estações do ano, a aurora, o pôr do sol, a Estrea-D’alva, as Três Marias, o Cruzeiro do Sul,o canto do galo, o mugido da vaca, o canto da coruja, o eclipse,as peripécias das marés, as crendices, as superstições, o uivo do lobo, o ninho do João- de-barro, o vento Sul e Norte,tudo isso, constituía ferramenta de uso diário, como guia para as realizações do homem...o homem inocente para quem o Sol era o melhor ponteiro de relógio.

Foi com base nesses princípios, que se criou toda essa engrenagem complicada dos tempos contemporâneos, que acabou com a comida, poluiu o mundo, cavou buracos, ergueu torres e perdeu o freio do seu destino.

Milhares de anos se passaram – a terra foi açoitada, explorada, torturada - em vez de amada e conservada.

Depois deste século, o homem ganhará outro formato: voará para todos os lados, como uma bolha; a terra se voltará contra seus golpes, retirando-lhe quase tudo. O homem que se tranca em quartos escuros, medita, pesquisa, cria fórmulas, inventa novas doenças, descobre novas ciências, milhares de medicamentos e soluções químicas, mas não consegue sobreviver à morte.

Em recente pesquisa oriental ficou constatado, que o homem de hoje, nem sempre é aquele machão que prega por aqui; há um dia da semana em que ele é chegado à prendas domésticas, como se fosse esse o seu dia de “regra”.O unisexualismo preponderante chegará ao seu mais alto requinte: as crianças serão geradas somente em tubos. O homem perderá sua primordial função e receberá as mesmas características da mulher –possivelmente, não será mais macho com H maiúsculo; ficará na dele – sem ele e virá o florescimento do robô que assumirá cada vez mais o seu lugar até como presa matrimonial. Após o Ano 3.000, não se sabe do que o homem será capaz, e sua presença

será concretizada em outros planetas, já que por aqui, sua mão foi devastadora na destruição da natureza, que certamente, mostrará sua fúria, sufocando-o vingativamente, tornando-o cada vez mais animal ou moldando seus instintos para um recomeço.

Zecar
Enviado por Zecar em 05/05/2005
Reeditado em 17/10/2007
Código do texto: T14858