OITO ANOS

Manhã de um dezembro. O sol completa o contraste de um quadro harmoniosamente montado pela natureza. Em uma cabeça, tudo concorre para o riso e festa, pois que até o vento tirara as árvores para dançar, ao som da música dos pássaros; as borboletas a voar de mãos dadas, numa alegria só; os poucos animais no quintal, todos alimentados, emitem seus sons em gratidão e festejam a beleza da manhã, momento em que uma voz penetra esse cenário de festa:

–– Sua cabeça é de pau.

–– Por que, vovó?

–– Porque é dura.

–– Mas é igual à de todo mundo!

–– É igual, mas é dura de pau!

–– E por quê?

–– Porque não aprende o que se ensina.

–– E o que é que se ensina, vó?

–– Ainda te pego de cipó, ouviu, moleque!

Ralhava com o garoto por ele haver comido a melancia que lhe proibiram. Por muito tempo o menino ficou preocupado com sua cabeça.

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 09/04/2009
Código do texto: T1530844
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