OITO ANOS
Manhã de um dezembro. O sol completa o contraste de um quadro harmoniosamente montado pela natureza. Em uma cabeça, tudo concorre para o riso e festa, pois que até o vento tirara as árvores para dançar, ao som da música dos pássaros; as borboletas a voar de mãos dadas, numa alegria só; os poucos animais no quintal, todos alimentados, emitem seus sons em gratidão e festejam a beleza da manhã, momento em que uma voz penetra esse cenário de festa:
–– Sua cabeça é de pau.
–– Por que, vovó?
–– Porque é dura.
–– Mas é igual à de todo mundo!
–– É igual, mas é dura de pau!
–– E por quê?
–– Porque não aprende o que se ensina.
–– E o que é que se ensina, vó?
–– Ainda te pego de cipó, ouviu, moleque!
Ralhava com o garoto por ele haver comido a melancia que lhe proibiram. Por muito tempo o menino ficou preocupado com sua cabeça.