Chego mais cedo em casa.

- Ahn. Você já chegou?

- Sim. A janta está pronta?

- Não... Mas que droga! Fecha essa porta pelo menos.

Fecho a porta.

- E o que vai ter de janta?

- Frango e arroz.

- Como sempre.

Sento à mesa.

- A mesa está pronta?

- Sim. Já pode vir.

- Não vem me ajudar?

Vou ajudá-la.

Sentamos à mesa; dois pares de tudo.

- Arroz.... e frango.

- Frango... e arroz.

- Pode comer, amor.

Silêncio.

- O que fez hoje?

- Trabalhei, e você?

- Trabalhei também.

Silêncio.

- Mamãe morreu.

- Está brincando!?

- Não.

Queria ajudá-la.

Abaixei os olhos.

- Morreu de quê?

- Estupraram, e depois mataram.

- Há quantos dias?

Peguei mais suco.

- Não me lembro.

- Tente se lembrar.

- Mas não consigo.

Peguei mais suco; derrubei.

- Merda de jarra.

- Presta atenção, seu tapado!

- Ora, não me encha.

Cai o copo e se quebra...!

Calamo-nos.

Bruno Portella
Enviado por Bruno Portella em 17/05/2006
Reeditado em 17/05/2006
Código do texto: T157698