O triste destino de Godofredo/ com áudio

A vida, perigosa e traiçoeira, não mais correspondia às expectativas alimentadas -anos a fio- pelo angustiado e deprimido Godofredo, cujos problemas sequestravam, irremediavelmente, as sobras de seu bom-humor.

Homem rico que um dia fora, agora contava os centavos de que dispunha, para os goles que o jogaria no chão frio daquele decadente boteco. A ex-mulher, companheira por mais de dez anos, apaixonara-se por outro homem, abandonando-o na mais completa tristeza e solidão. A desgraça se apoderara de seu mundo, esmagando as diminutas esperanças que porventura ousassem resistir.

Carregando pela cidade a sua pesadíssima dor, pensou ter ouvido uma voz dentro de sua cabeça, dizendo: - Venha por aqui, vire à direita, siga em frente... A voz continuou indicando-lhe o caminho, que ele seguia sem saber por que ou para que. Talvez, quem sabe, movido pela esperança de encontrar alguma saída milagrosa para o insuportável desespero que o atormentava.

Havia chegado -finalmente- à beira de um precipício que lhe pareceu mais raso que a cova onde estavam enterrados os fragmentos de sua saudosa alma. Entregando o seu corpo, saltou sem titubear.

Para a estatística fria e insensível da morte -que indiferente, trabalha sem parar- Godofredo foi levado como mais uma vítima... Como somos todos nós.

Aimberê Engel Macedo
Enviado por Aimberê Engel Macedo em 19/06/2009
Reeditado em 19/06/2009
Código do texto: T1656645
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.